A MATREIRICE É SECULAR- SALAS NETO

 


Por três dias mais ou menos (10, 11 e 12 deste mês), a pretexto das celebrações da dipanda, o MPLA aproveitou, através da rádio nacional e suas filiais, para ser exaltado em reprise atè à exaustão, por conta das já descabidas canções do tempo da «música de intervenção», que apelavam à mobilização das massas pelo poder popular e à construção do socialismo, sendo que haviam algumas que incitavam ao ódio entre os angolanos e «morte aos infiéis» que não quisessem aderir à causa, como notei numa keta do Calabeto.

No entanto, o meu «study case» foi a canção «Guerrilheiro» de David Zé, lançada em finais de 1974 ou princípios de 1975. Atribuo esta datação porque ele ainda fala de «união dos movimentos», o que faz pensar que a canção é anterior ao início da guerra civil, que terá deflagrado a partir de Maio ou Junho de 1975, com a expulsão da FNLA e UNITA de Luanda. Embora apele à «união dos movimentos», o próprio David Zé contradiz-se, fazendo uma espécie de discriminação positiva a favor do seu MPLA. 



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«Se és do MPLA\ isto interessa a todo o mundo», cantarola o músico-combatente, então regressado dalgum CIR, creio que de Cabinda, todo estiloso, naquela farda acastanhada soviética com que os fapla chegados do enclave faziam a banga na capital. As garinas caíam às catadupas nas mãos dos novos e velhos guerrilheiros. Namorar um deles era sonho de muitas garotas. Não só pela banga e protecção, mas também pelas latarias roubadas nos quartéis que eles garantiam. 

«Se és da FNLA\ isto já interessa a alguém\ se és da UNITA\ também já interessa a alguém», assim completa ele a estrofe ou sei lá o que é isso. 

Atentem: para David Zé, ser-se do MPLA interessava a todo o mundo, mas da FNLA ou da UNITA já só interessava a alguém.

Por ironia do destino, ele seria trucidado pelos seus próprios companheiros do MPLA que tanto exaltava, na ressaca da «inventona fraccionista» de 27 de Maio de 1977. Mui cruel.




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