MEMÓRIAS- O DIA EM QUE DESERTEI DO ELNA ( 1974 ): FARDADO E ARMADO COM UMA METRALHADORA ERA DIA DE GUERRA A VILA ALICE ESTAVA CERCADA



Manos, nesse dia a velocidade do meu pensamento teve ser mais rápido do que o vento. 


Se não fosse seria limpo no portão do porto de Luanda onde eu estava de serviço pelas forças integradas composta por um FAPLA, ELNA, FALA e mais um do exército português.


Como se sabe o tiroteio começou nos bairros de Luanda digamos no musseque. 


Nós ali estávamos na baixa ouvíamos o barulho das rajadas e morteiros.


Mas longe de imaginar de que tinha começado a guerra até porque  se vivia pouco antes um ambiente de suposta paz e com um governo de transição.



Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762


Nisso ia entrar um taxista para o porto e como de costume fizemos o nosso trabalho ali no portão que consistia.


Em revistarmos  os carros que entravam e saiam para se evitar o contrabando e coisas que saíssem  ilegalmente, aquilo que já era feito durante a gestão do país pelo colono praticamente.


O taxista faz-me um sinal me alertando de que a FNLA nos bairros estava a levar surra, e que já havia até mortos, manos quase fiz xixi nas calças de tanto medo até porque eu quis tudo menos morrer.


Comecei a olhar para o FAPLA que esteva comigo de serviço que também tremia se calhar pensando que eu havia de limpar ali o sebo.


E eu  pensando a mesma coisa que ele me fizesse o mesmo e antes que levasse mesmo ali um tiro do FAPLA. 


Foi então que disse  ao taxista branco que me transportasse para a delegação do MPLA na Vila Alice sem mais perda de tempo. 


Coitado do branco alheio , quase se borrou nas calças de mais medo do que eu.


Ele só dizia irmão, a Vila Alice está cercada de militares e com tanto  tiroteio e não queria se arriscar. 


Até que lhe ameacei e assim foi, mal chegamos na Vila Alice os militares deram conta de que estava um soldado da FNLA dentro do táxi quase abriam fogo.


Foi quando desci com as mãos no ar e com um pé arrastei a metralhadora até que caiu ao chão e fui cercado por dezenas de soldados.


Mandaram embora o taxista e o aconselharam que não fosse em direção ao jumbo, mas sim do cinema Império.


Reconheci alguns dos militares ate eram do bairro muitos já conhecia desde o tempo colonial. 


A minha sorte foi que muitos deles sabiam que eu pertencia a um grupo de jovens de Luanda que tinham sido desviados a partir de Cabinda para a FNLA. 


Ninguém me tocou ou ameaçou, fui bem tratado, não estive como detido e até ainda pedi a um ou outro que fosse buscar minha roupa civil na minha mãe e que  a tranquilizassem o que aconteceu.


O chefe da delegação se não me engano era o Songa, neste dia o MPLA tinha prendido uma mana de Teta Lando que encontrei  numa das caves quando eu ia para o quarto de banho. 


Se dizia que ela tinha um cão que tinha dado o nome de Neto, mas antes já tinha lhe eliminado o marido.


Poucos dias depois lá fui enviado outra vez para um centro de instrução militar em Cabinda no Cir Belize onde encontrei essa malta toda. 


Pedro Sebastião , Bornito de Sousa, Bibi, Jonico , Jitúbio, Avelino, Bafafa, Santos, Xavita / Azevedo que era da minha zona eu na C9 e ele na C 11, com seu irmão Sebas que foi meu companheiro de Viagem, Luis Cadete, Luis Alves um mulato irmao do João Alves.


E outros tantos jovens e algumas miúdas quando engatei logo duas de rajada mas não ao mesmo tempo ate que passei a independencia de Angola em Cabinda.


Fernando Vumby 




Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação 

Postar um comentário

0 Comentários