Todas somos Neth Nahara: A OMA, a LIMA e o caso da Neth Nahara - Hilaria Vianeke



No país chamado Angola, onde nasci e resido, as mulheres dificilmente defendem umas às outras. É um fato. Os movimentos sociais em qualquer país servem como porta-vozes e defensores dos problemas individuais e/ou coletivos dos membros da sociedade. A tarefa desses movimentos, sejam partidários ou apartidários, entre outros, é também controlar e fiscalizar a aplicação da constituição, das normas, das leis e dos decretos, sempre em defesa dos Direitos Humanos, dos Direitos sociais, civis, políticos, econômicos, ambientais, só para citar alguns.


É chocante e revoltante o silêncio das mulheres angolanas, especialmente as membros do governo de Angola, nomeadamente, a Vice-Presidente da República, Sra. Esperança da Costa; a Presidente da Assembleia Nacional, Sra. Carolina Cerqueira, e as demais auxiliares do titular do poder executivo, como lhes decidiram atipicamente chamar. É uma vergonha também para as juízas, as procuradoras e todas as mulheres angolanas.

 


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Há mulheres zungueiras a levarem porrada pela polícia, seus negócios são pontapeados e pilhados - e ninguém tuge nem muge. E as excelentíssimas senhoras que têm o dever de as defender estão todas caladas e refasteladas no conforto dos cargos e dos sofás. Há mulheres a verem todos os dias seus direitos inalienáveis violados, e ninguém diz nada, pois estão ao serviço do senhor que manda e desmanda no país. Desculpe que esteja a ser dura. Mas é ensurdecedor o vosso silêncio, ele revolta qualquer pessoa de bem neste país.

 

Perguntamo-nos onde está a OMA (Organização da Mulher Angolana - do MPLA)? Onde está a LIMA (Liga da Mulher Angolana, da UNITA)? Aonde andam as demais mulheres filiadas dos partidos políticos e movimentos sociais? O que têm feito? Que interesses lhes move? São inúmeras as atrocidades que as mulheres angolanas atravessam diariamente. Olhem para o caso da nossa irmã Ana Da Silva Miguel, conhecida nas redes sociais por Neth Nahara. Como ela, são inúmeras as mulheres, especialmente as reclusas que veem seus Direitos Humanos violentados, sem quaisquer observância das convenções internacionais em matéria dos Direitos das mulheres assinados por Angola. Não ouvimos as reclamações nem tão pouco um repúdio público destas organizações. Diante destes atos não ouvimos absolutamente nada por parte das nossas mamãs e tias, as nossas heroínas, nacionalistas que tanto lutaram por uma Angola livre e independente.

 

Queridas mamãs e tias, instamo-vos a prestarem atenção aos problemas das mulheres angolanas. Vocês não devem limitar a vossa atividade em encher os comícios vestidas de panos e lenços coloridos dos vossos partidos. A defesa dos Direitos e dos interesses das mulheres em Angola passa pela exigência do cumprimento escrupuloso das leis, do incentivo e fomento à criação de nova legislação, do controle do uso dos corpos das mulheres nos meios de comunicação e publicitários (coisificação do corpo da mulher), apoiar todas as ações que melhorem a imagem da mulher e que sirvam de referência positiva às nossas meninas. A OMA e a LIMA têm que encabeçar as campanhas, as manifestações que exijam reparação, fim das injustiças e paragem imediata das violações exercidas contra as mulheres no nosso país.

 

Em Angola, matam-se mulheres zungueiras, nossas crianças, meninas, são usadas como prostitutas. Ninguém diz nada. Existem várias mulheres desaparecidas (tráfico de seres humanos), as mulheres sofrem assédio sexual no trabalho e nas ruas, e ninguém diz nada. As mulheres não têm acesso à saúde sexual e reprodutiva, sofrem violência “cirúrgica” durante os partos nas nossas maternidades, muitas são espancadas pelos homens, passam por violações e humilhações inimagináveis, única e simplesmente por serem mulheres. A igualdade entre homens e mulheres, como apregoa a Constituição, no nosso país, está longe de ser a desejada, mais ninguém ouve um único grito de um basta das nossas “representantes” tanto da OMA como da LIMA.

 

Mais oh mamas! Assim vocês, a quem é que representam? Só as mulheres militantes dos vossos partidos? Porque se for este o caso, por favor, tirem das vossas insignias, a palavra Angola ou angolanas, porque mulheres angolanas somos todas, as que militam e as que não. Façam algo pela Neth Nahara, façam algo pelas mulheres reclusas do nosso país. Parem com estas atrocidades. Lutem realmente pelos direitos das mulheres na sua íntegra, pela igualdade, pela dignidade, façam alguma coisa que dê fé e credibilidade às vossas organizações. Ajudem-nos a sentir-nos representadas. Nenhuma reclusa no nosso país deveria estar privada da atenção médica e medicamentosa.

Todas somos Neth Nahara!!

Tuapandula! Ngasakidila! Ntodele! Matondo! Tuna sakwila!...

Muito obrigada!


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