O discurso de lançamento da Agenda Política 2024 do MPLA, proferido pelo seu Líder, no sábado último (03.Fev.), foi dominado por críticas à oposição por pretender realizar manifestações para forçar autarquias, "avanços" de Angola pós-colonial, a necessidade de melhorar a comunicação e de maior interacção do MPLA e a sociedade civil, bem como a brilhante prestação dos Palancas Negras no CAN, que decorre na Costa do Marfim.
João Lourenço disse o mais do mesmo, que até soa disco riscado, sem novidades e a falta de pragmatismo que caracterizam os seus discursos.
Se não, vejamos: A proposta de lei sobre a institucionalização das Autarquias locais em Angola está "engavetada", desde o ano passado, numa clara manobra dilatória da Bancada Parlamentar do partido no poder.
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Se é bem verdade que o impasse não reside no Presidente da República, também é verdade que existe, claramente, falta de vontade política do MPLA dar desfecho ao processo, por razões óbvias: o MPLA perderia de goleada, caso seja implementada as autarquias em Angola.
Tal como fez, reiteiradamente, o seu antecessor, J'Lo encheu o peito para gabar-se sobre os progressos de Angola pós-colonial. É triste ouvir o também Chefe de Estado orgulhar-se com obras descartáveis e hiper-facturadas, sem, no entanto, terem sido construídas novas cidades, a nível das 18 províncias do país. Só para não referir o retrocesso na prestação dos serviços públicos de saúde e educação. Nesta equação, não vale enfatizar o discurso de conflito pós-independência, visto que o país regista cerca de 20 anos de paz efectiva.
Caro Presidente do MPLA, a Singapura e o Rwanda são dois bons exemplos de "progresso" pós guerra civil, sem elencar o fantasma da colonização. Trata-se dois países na rota do desenvolvimento, que certamente, vossa Excelência e toda a sua "máquina pesada" de assessores conhece as respectivas histórias de superação e de desenvolvimento bem sucedido, que permite estes países registarem um crescimento económico acelerado, nas últimas duas décadas.
Estes países não "perderam tempo a inventar a roda". Simplesmente melhoraram a qualidade das despesas públicas, investiram forte na educação e na saúde, bem como criaram um ambiente de negócios atraente à empresários de várias latitudes. De resto, os resultados estão aos olhos de quem tem humilde de aprender e replicar.
No quisto comunicação, ao nosso ver, é o elo mais fraco do MPLA, e por arrasto, do Executivo angolano. Geralmente, não se comunica e quando se faz um esforço para o efeito, acaba sendo uma comunicação com muito "ruído" ou comunicação que estimula o ódio. Um dos exemplos que podemos apresentar é a encenação, ou se quisermos, a longa metragem da CIVICOP. Diga-se, em abono da verdade, um projecto de reconciliação nacional ambicioso, mas está longe de dar corpo ao lema "Amar e Perdoar".
Por outro lado, achamos interessante a meia-culpa feita por J'Lo ao admitir a necessidade do MPLA reforçar e melhorar a interacção com a sociedade civil. Entretanto, a incompetência e/ou exiguidade dos "cabos eleitorais" ou de "activistas" no seio dos Camaradas, associado a gritante e caótica situação de precariedade social e económica dos angolanos, obriga-vos a "ficarem muito fechados no vosso quintal". Numa só palavra, o MPLA perdeu credibilidade e aceitação popular, por causa do festival de políticas públicas fracassadas.
Para terminar, o Presidente do partido dos Camaradas elogiou a brilhante prestação dos Palancas Negras no CAN, que decorre na Costa do Marfim, afirmando que "os jogadores angolanos tiveram um bom desempenho e mantiveram a esperança viva de puderem vencer a próxima edição".
João Lourenço perdeu a oportunidade de pedir desculpa à nação pelo facto de não terem sido criadas condições aos "bravos rapazes", no estágio de preparação ao CAN. Entendemos que, o Ministério da Juventude e Desporto e MIREX, em parceria com a FAF, deveria criar mecanismos no sentido de fazer advocacia para que houvesse uma maior representação de claques ligadas aos clubes do Girabola, a semelhança de outras selecções.
No fundo, João Lourenço apresentou uma da Agenda Política desprovida de novidade e soluções concretas para melhorar a qualidade de vida dos angolanos, que agrava-se a cada dia que passa.
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