Pedem-me um comentário sobre o projectado congresso dos jornalistas ou sobre o jornalismo angolano, não se sabe ao certo, que tenho o gosto e a honra de partilhar, publicamente, tentando, tanto quanto possível, andar cuidadosamente entre os espinhos.
Desde logo, o desvio de finalidade é a intenção de defraudar a forma de um acto para se atingir um determinado fim.
Depois, põe-se a questão de se saber se é legal a sua realização e qual seria a legitimidade futura das suas deliberações.
Ademais, o desvio de finalidade é também uma forma de delimitar, conscientemente, o âmbito e o conteúdo do acontecimento. E implica algum tipo de seletividade.
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Ora, constituindo os jornalistas uma classe profissional, implicará numa "seleção das espécies." Se for, o evento, um congresso sobre o jornalismo angolano.
Significa que os organizadores se outorgam o direito subjetivo de escolher dentre os jornalistas os "merecedores do convite" e os "não merecedores do convite".
No fundo, o livre arbítrio, já que não se conhece o manifesto sobre o putativo congresso.
E mesmo que haja um manifesto, era preciso questionar, "piori in tempori" (critério da precedência), de onde emana a competência da comissão de redação.
Legitimamente, tal só pode advir das organizações e associações da classe. Caso contrário, configuraria, claramente, uma imiscuição na vida e nos assuntos imanentes à classe.
A respeito da designação do evento. Duas breves notas: a primeira, prende-se com um presumido trocadilho e a segunda, lá está, com a finalidade.
"Congresso dos Jornalistas", "Congresso Sobre o Jornalismo angolano", resulta no mesmo.
O "Congresso Sobre Jornalismo Angolano", inevitavelmente, teria a classe jornalística como a figura omnipresente na sala.
Até nisso, um "Congresso dos Jornalistas" seria o mais adequado porque, certamente, ocupar-se-ia da análise e perspectivas do exercício da profissão.
Põe-se, ainda, a questão de democraticidade do processo de escolha dos integrantes da comissão organizadora do sugerido congresso.
Sobretudo, quanto à sua qualidade. Suponha-se que integre militantes de partidos políticos, ainda para mais, com assento em órgãos de topo, por exemplo, a Comissão Política da UNITA ou o Comité Central do MPLA.
Não é difícil prever a desconfiança e até alguma repulsa da sociedade.
O mesmo aconteceria se se viesse a descobrir que o poder político tinha um assento reservado na referida comissão.
Kajim Ban-Gala/Correio Angolense
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