Falou-se bastante em Portugal, a propósito do cinquentenário do 25 de Abril, tornando quase impossível fazer-se um recorrido, sem incorrer em eventuais omissões. Primeiro, sobre a colonização.
O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, falou no sentido da reparação de danos causados às ex-colónias e aos seus povos e ao seu património cultural, nomeadamente.
Mas, o primeiro a abordar esta matéria foi o ex-Presidente Ramalho Eanes. E mesmo o actual Presidente de Portugal já havia levantado o tema da descolonização e consequente reparação de danos no seu discurso do 25 de Abril do ano passado.
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A indignação foi de uma intensidade irrelevante: ademais, os protestos foram observados quase em surdina.
Mas, desta vez, os protestos subiram de tom. Num debate na televisão, o ex-governante da direita portuguesa, Miguel Relvas (na foto), chegou a gritar que “temos orgulho na nossa colonização."
E aumentou: "temos orgulho das nossas famílias (...) daqueles que defenderam os nossos interesses." Ou seja, um "nacionalista de pacotilha."
A extrema-direita foi, talvez, "mais comedida" (faça-se desconto da ironia) pois limitou-se a cobrir o Presidente português com o inocente adjectivo "traidor."
No geral, havia um vasto cardápio disponível à direita para o qualificar e disposição de sobra para um corpo a corpo, se fosse possível.
As mentalidades presas ao colonialismo geralmente pretendem disfarçar o seu racismo para com os povos das ex-colónias com expressões como "eu vivi em África; conheço a África; convivi com os negros como se fossem meus irmãos(...)”. E por aí adiante.
Portugueses como o já citado político, são os preferidos das elites governativas das ex-colónias nos seus negócios privados, e mesmo nas suas relações sociais familiares.
Porventura já esquecidos que são oriundos das "famílias que defenderam os nossos interesses" nas ex-colónias. E de que têm "orgulho."
As pessoas vítimas da colonização, da escravatura, o saque do património cultural dessas pessoas, são, para eles, sinais de civilização deixados pelos "heróis do mar."
Mas, mesmo depois de tudo isso, a África não aprendeu. Para tratarem da sua própria saúde, para matricularem os filhos, e cuidar dos seus negócios, para estes efeitos e outros, a residência é a antiga “metrópole”.
Com tudo isso, com essa dependência do ex-colonizador, Portugal, e já lá vai meio século, sente-se confortável.
Até porque os próprios ex-colonizados, desde a data das suas independências, não se cansam de navegar em direção ao seu reencontro.
Kajim Ban-Gala/Correio Angolense
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