Está na cara que se pretende que o público engula, à viva força, o viés do Governo sobre a forma como tem vindo a conduzir a economia para tirá-la, sem êxito, do sufoco em que se encontra.
Naquele dia convocaram, na TV, um indivíduo que acho ser o chefe do pelouro do Ambiente de Negócios do Ministério da Economia e Planeamento e do programa económico “Diversifica Mais”.
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Disse-nos que a diversificação económica vai de vento em popa, perorando sobre programas como o tal “Diversifica Mais”, o “ Prodesi” e, até, o falecido “Angola Investe” – todos criados supostamente para impulsionar a economia na lógica da substituição das importações e do aumento da produção interna, mas que toda gente viu que deram em nada. Ou seja, naufragaram.
No dia seguinte à noite tivemos mais do mesmo no programa televisivo ponto não sei quantos. Alguém foi lá para falar da inflacção, a dita cuja que não há meio de ser travada. Finta em série todos os estrategistas da vez da economia angolana.
Na semana anterior já tivéramos o Sapateiro a fazer-nos calçar todos os sapatos com números sempre inferiores aos dos nossos pés. Coitados dos nossos calos.
Raios! Sempre a ouvirmos falar de coisas que, na prática, não têm funcionado. Fala-se com uma facilidade de termos como “sucesso” e nunca de “fracasso”. Mas onde está a economia angolana senão de rastos e os efeitos estão bem patentes em indicadores como a taxa de câmbio, inflacção, desemprego, etc.?
O Corredor do Lobito esteve década e meia adormecido e só agora despertaram para fazer algo mais que possa tirar essa infraestrutura da economia circular da letargia em que se encontrava.
Estamos fartos de ver economistas a desfilar no pequeno ecrã e expressando-se em economês que ninguém entende, por não passar de chavões e clichés como “alavancar” aqui e “alavancar” ali. Gente que se estila charmosa na TV com os olhos postos num cargo ministerial ou algo parecido. Quantos deles foram, por essa via, parar a cargos governamentais, nos quais agora estão a ver fumo, como bem diz o povo?
Bem a propósito: alguém viu por aí aquele tio ilustre -- que andava de fato e bengala, lencinho na lapela e tudo quanto é -- a quem chamavam de Reserva Estratégica Alimentar? Temos de procurá-lo nos perdidos e achados das estratégias, medidas e políticas fracassadas do Executivo?
Entretanto fiquei deveras assustado quando ouvi um economista -- este, sim, credível -- dizer que a produção da nossa galinha dos ovos de ouro, o petróleo, vai baixar cada vez mais, podendo vir a fixar-se em níveis inferiores ao milhão de bpd.
Quando isso acontecer, com que linha nos coseremos já que temos um Governo suoer-despesista?
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