A «Dona Amália», zona do Rangel onde na sexta-feira ocorreu uma revolta popular na sequência duma mal engolida abordagem policial que visava a detenção de um suposto delinquente, é de um grande simbolismo na história do MPLA.
A rebelião, documentada com vídeos nas redes sociais, que só seria contida após intervenção da polícia de choque, terá provocado dois mortos, uma jovem abatida a tiro e um agente linchado pelos revoltosos, embora hajam informações de que este não chegou a falecer.
O Rangel foi o primeiro bairro onde o MPLA se «acoitou», digamos, quando entrou oficialmente em Luanda, com uma delegação chefiada por Lúcio Lara, a 08 de Novembro de 1974. A representação do «M» sairia do aeroporto directamente para a «Dona Amália», um centro comercial de frutas, hortaliças e já não me lembro bem se também de peixe duma senhora tuga, que abandonou a propriedade pouco depois do 25 de Abril.
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Principal «base» do movimento de Agostinho Neto, era lá onde funcionava o DOM (Departamento de Organização e Mobilização), donde partiam os camiões com centenas de jovens voluntariosos, inspirados por ideais revolucionários propagandeados pelo «M», a caminho dos centros de instrução, para formação militar básica, antes de serem integrados às pressas nas gloriosas Fapla, acabadas de ser constituídas, com base num exército todo esquelético saído da mata.
Entre eles estavam vários dos bandidos famosos que atormentavam as autoridades coloniais, responsáveis pela expulsão dos brancos fascistas dos musseques de Luanda, como o Sabata, Zé da Minga, Alicate, a malta do Sandokan e muitos outros.
Portanto, foi a partir da «Dona Amália» onde o MPLA se reforçaria em homens para conseguir expulsar a FNLA e a UNITA de Luanda, passo fundamental da estratégia que o levaria à conquista do poder em 11 de Novembro de 1975, antes de avançar, já com os cubanos, para a libertação do resto do país.
Nesta gesta, gosto muito de exaltar a participação do Che Guevara, que é o nome de guerra do Victor Sirgado, um mulato meu vizinho, que, apesar de ser aleijado, se filiou nas Fapla e combateu pela libertação de Malanje. Que Deus o tenha.
Pois, por enquanto, é só isto que queria dizer sobre o simbolismo da «Dona Amália», velho bastião do MPLA, agora transformado no centro do «Luvo», qualquer coisa parecida com a Dira do Zango.
Daí, se calhar, a explicação para aquela ferocidade da moça que investiu desesperada e fatalmente contra os policiais. Isto está a ficar feio!
Salas Neto
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