COMPLEXO DE VIRA-LATA ENTRE NÓS- GRAÇA CAMPOS



Há entre os angolanos, sobretudo entre an elite política e económica, um assumido complexo de vira-lata.

Em 1950, quando o criou, na sequência da derrota do Brasil, em casa, diante do Uruguai, na final do campeonato do mundo do futebol, o escritor de dramaturgo Nelson Rodrigues definiu o conceito de vira-lata como um sentimento de inferioridade que muitos dos seus concidadãos têm em relação ao seu próprio país.


“Por complexo de vira-lata" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima”.



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Hoje no Brasil, o conceito de vira-lata é empregue também para classificar cães sem raça definida, comumente vistos como inferiores em comparação a cães de raça pura.


Entre nós, o complexo de vira-lata não expressa, apenas, sentimento de inferioridade em relação a cidadãos de outros países. Exprime, também, uma pretensa superioridade de algumas raças. Em Angola, há gente, nos mais altos escalões do Estado, que se resignou à pretensa superioridade do branco em relativamente ao preto. 


Não por acaso, em muitos corredores e gabinetes de assessoria de ministros e outros altos dignitários do Estado indivíduos brancos, maioritariamente lusos, se sobrepõem numericamente aos nacionais pretos. 

É esse complexo de vira-lata que levou a que a turma que tudo faz para que o Presidente João Lourenço vá muito para lá dos dois mandatos constitucionais se tenha reforçado com um cidadão de pele branca.

Inaugurado por Dom Afonso Nunes, líder da Igreja Tocoísta angolana, o coro para uma alteração constitucional que permita ao Presidente João Lourenço concorrer a mais mandatos tornou-se, depois, na bandeira de António Mussumari, um membro do Comité Provincial do MPLA da Lunda Norte.


Durante longo tempo, Mussumari empestou as redes sociais com a ladainha de que dois mandatos seriam insuficientes para João Lourenço concluir a sua “gloriosa” obra a favor dos angolanos.


Quando se tornou demasiado enfadonho, André Mussumari foi colocado no banco dos suplentes e no seu lugar entrou Alcídio Gomes, ou Kuma, como alega ser conhecido em meios jornalísticos de que todos os jornalistas angolanos nunca ouviram falar.

Para os nossos vira-latas, a pele branca e a nacionalidade portuguesa de Alcídio Kuma seriam factores bastantes para convencer a totalidade dos angolanos a aceitar a tese de mais mandatos presidenciais para João Lourenço.


Como qualquer mercenário obrigado a mostrar serviço, Alcídio Kuma (na foto) não perdeu tempo e foi direito para o que foi contratado.


No dia 7 de Agosto de 2024, tornou público detalhes de um projecto muito embaraçoso até mesmo para os mais ferrenhos dos seguidores de João Lourenço. Segundo o antigo comissário político das FALA, estão em curso, no país, movimentos para uma violenta ruptura da ordem constitucional.


Designada por ele (e certamente não só) como “Revolução Democrática”, a ruptura da ordem constitucional passaria “pela dissolução do Parlamento, eleições constituintes, e com uma Nova Constituição termos uma Nova Política Administrativa do País, com valores republicanos e separação de Poderes, com a supervisão, até lá, por período definido, do Senhor Presidente da República enquanto Comandante Chefe das Forças Armadas”. 

Parece óbvio que o frete a João Lourenço rendeu a Dom Afonso Nunes e a António Mussumari alguma coisa. O líder dos tocoístas angolanos está entre os mais assíduos frequentadores das actividades organizadas pelo Palácio Presidencial. Na Lunda Norte, António Mussumari saltou de simples chefe do gabinete de comunicação institucional do governo para administrador municipal. Nada mau para ambos. Mas, nada que se compare com o que os nossos vira-latas proporcionam ao mercenário Alcídio Kuma em compensação pela advocacia que faz da revolução democrática. 


Feitos por um vira-casacas, que se refere a seus antigos companheiros na UNITA como “matumbos, gentios, racistas e tribalistas”, se tivessem um pingo de autoestima, os indivíduos que contrataram o mercenário Alcídio Kuma tomariam por grave e imperdoável ofensa os repetidos, enjoativos e fingidos encómios que ele faz ao Presidente da República.


Em países sérios, a revelação de que estão em curso movimentos que visam uma “revolução democrática” com o propósito de dissolver a Assembleia Nacional, “eleições constituintes, e com uma Nova Constituição termos uma Nova Política Administrativa do País, com valores republicanos e separação de Poderes, com a supervisão, até lá, por período definido, do Senhor Presidente da República enquanto Comandante Chefe das Forças Armadas” forneceria à Procuradoria-Geral da República matéria bastante para dar início a uma séria investigação.


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