O nosso problema são as prioridades - Carlos Rosado (Economista, Docente Universitário, Comentarista) - in Estado da Nação (MFM).
Nós pensávamos que o Presidente JLO seria a nossa solução. Infelizmente está a ser uma grande decepção para o País. Falo isso com muita dor no coração (Filósofo, Docente Universitário e Comentarista) - Albino Pakissy - in Entrevista ao Victor Hugo Mendes.
O jogo entre a selecção angolana de futebol e a selecção da Argentina, não é prioritário para a preparação da selecção muito menos avisado em termos de investimento financeiro (narrador de futebol há mais de trinta anos) - Rui Almeida- in-redes sociais.
As falas enunciadas não foram verbalizadas por gente incapaz, invejosa ou anti-governo angolano. Não. Nos três exemplos, as figuras são altamente competentes nos seus respectivos ofícios. Qualquer um deles tem instrução superior, uma vida pública associada a respeitabilidade e reputação. Ou seja, estamos a falar de indivíduos que, de facto, fazem opinião. Portanto, muito dificilmente se poderia associar os seus comentários a ideia segundo a qual, estaríamos diante de “bota-abaixo”.
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Ora, se não se trata de intrigas, falácias ou bota-abaixo, então o mais lógico a pensar-se é que deve existir um racional para tamanha desilusão colectiva. Sim, o há. E qual seria o tal racional?
As prioridades do Executivo, geralmente produzidas pelos auxiliares do Titilar do Poder Executivo, estão mesmo contrárias ao expectável.
A morgue central não tem condições mínimas de trabalho.
Os bairros Catinton, Dangereux, e Simione (todos no casco Urbano) têm limitações no fornecimento de energia eléctrica e água canalizada e adivinhem, a prioridade para o investimento do governo, em saudação ao quinquagésimo aniversário da Independência, é um jogo de futebol que vai durar apenas e só noventa minutos.
A Argentina é a campeã mundial. A sua selecção está recheada de craques que desfilam pelos melhores campeonatos do Mundo e que, portanto, os amantes de futebol só os acompanham pela TV. De facto faz bem aos aficionados do futebol ver os melhores do Mundo desfilarem o seu perfume no relvado do 11 de Novembro. Para além de que, Angola estaria na mídia internacional. Acontece porém, que o tal golpe de charme expõe escandalosamente o lapso das prioridades governativas. Na verdade, há uma espécie de barco à deriva (apenas intuição), quando se tenta perceber as prioridades governativas.
Angola vai a eleições legislativas em 2027. Por esta altura e apesar dos expedientes administrativos/legais, quase ninguém acredita na superioridade do partido governante. E é aqui onde, é clamada uma dose regulada de ponderação e juízo.
A reserva moral de qualquer Estado costuma estar nas mãos de pessoas cuja idoneidade é inquestionável. No caso particular de Angola, um grande número de membros do bureau político do MPLA faz parte desta reserva moral juntamente com figuras de outros partidos e sectores nomeadamente eclesiástico, académico e até cultural, que se bateram pela afirmação de Angola.
As pessoas que detêm esse status estão praticamente realizadas profissionalmente, politicamente e até, se quisermos, financeiramente. Portanto, não precisariam de favores políticos de ninguém. Ora, aqui chegados e diante de tamanha desfuncionalidade social, a dita reserva moral deve sinalizar o seu posicionamento. Não pode haver tanto atropelo à ética e aos valores republicanos. A arrogância juvenil de certos auxiliares, o sentimento de impunidade e a facilidade da yula, precisam rapidamente ser controladas. José Eduardo dos Santos tinha um jeito de governar que muitas vezes poderia ser confundido com o “espírito de deixa andar”. Mesmo com esse feitio, controlava o conflito entre o Rwanda e a RDC, bloqueava a inflação, e não havia tanta fome, por exemplo. JES procurava sempre que possível ouvir e acomodar os interesses dos diferentes players. Escutava e considerava a reserva moral da sociedade.
O Presidente da República João Lourenço, que este ano, em cinco meses, já viajou mais do cinco vezes, está de saída. É facto. Contudo, não tem de sair, necessariamente, mal na fotografia. Aliás, o partido a que pertence tem vocação governativa, melhor dizendo, governa Angola há 50 anos.
Faz-se necessário julgo eu, “botar ordem ao circo”. Assim, figuras com responsabilidades políticas como Jú Martins, Ângela Bragança, Fontes Pereira, Bornito de Sousa, Mário Pinto de Andrade, Jorge Dombolo e outras tantas com responsabilidades técnica/política como Carlos Feijó e Garcia Miala, deviam, de facto, assumir um papel mais relevante enquanto agentes do garante dos equilíbrios sempre necessários para o funcionamento normal do Estado. Todas essas figuras estão realizadas. Tem os filhos formados no estrangeiro empregados nas grandes organizações. Cada uma delas tem na cabeça o perfil de quadros de que Angola precisa para os próximos 50 anos. Tem uma ideia clara do esforço necessário para o partido voltar a ser uma organização credível. Portanto, muito dificilmente podem ser corrompidas ou acusadas de procurarem algum destaque que insinuaria algum proveito tangível em benefício próprio. São patriotas, amam Angola, deram toda a sua vida pelo País. Estão de saída, é certo. Ao menos deixem as premissas que conduziu o engajamento inequívoco à causa comum. De outro modo, as conquistas da independência e da paz nunca serão suficientes para o angolano se realizar na sua própria terra. O estado de degradação a que chegamos não tem apenas um único responsáveis. É que a política do truque cansa mesmo.
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