Manuel dos Santos Lima: O primeiro negro oficial do exército português- Paulo Leite Barros In memoriais



Manuel dos Santos Lima, nascido em 1935 na província do Bié, em Angola, foi uma figura marcante na luta pela independência angolana. Desde jovem, destacou-se como um excelente aluno. Aos 12 anos, teve a oportunidade de deixar Angola para estudar em Portugal, onde concluiu o ensino secundário no Liceu Camões.


Apesar de enfrentar dificuldades financeiras em Lisboa, aos 16 anos, começou a trabalhar como explicador. Mais tarde, trabalhou como tradutor na Embaixada da República Árabe Unida. Durante alguns anos, também foi atleta do Belenenses. Em 1953, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde estudou ao lado de figuras importantes como Jorge Sampaio e Pinto Balsemão.


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No entanto, por decisão própria, não concluiu o curso. Em entrevista a Francisco Topa, explicou que abandonou a faculdade por desilusão, pois sentia que em Angola as decisões sempre favoreciam os brancos, e não havia sequer advogados negros.


Em 1956, representou Angola no Congresso dos Escritores e Artistas Negros em Paris. No final da década de 1950, foi convocado para o serviço militar, servindo em Portugal e concluindo o curso de comandos. Em 1961, foi mobilizado como alferes miliciano de infantaria para uma missão em Goa, na Índia. Aproveitou uma escala em Damasco para desertar, rumo a Marrocos, onde outros nacionalistas angolanos estavam reunidos.


Em Marrocos, Mário Pinto de Andrade confiou-lhe a missão de organizar as bases do Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA), que mais tarde se tornaria as FAPLA. O primeiro grupo treinado por Lima era composto por 285 jovens angolanos que fugiam para a República Democrática do Congo, onde estava o comité diretor do movimento.


Em Dezembro de 1962, realizou-se a primeira conferência nacional do MPLA, que consagrou Agostinho Neto como presidente. Depois disso, ocorreram várias cisões, com nomes importantes como Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade abandonando o movimento. Manuel dos Santos Lima também abandonou o movimento em Julho de 1963, por meio de uma carta onde declarou sua desilusão com Agostinho Neto e a perda de sentido da luta.


Após deixar o MPLA, viveu na Argélia e depois na Suíça, onde concluiu o mestrado em literatura na Universidade de Lausanne. Mais tarde, candidatou-se a vagas de professor em mais de 20 países africanos, mas as respostas demoravam mais de um ano. Por isso, seguiu para o Canadá, onde conseguiu emprego e acabou por fixar-se em Montreal. Mais tarde, voltou a viver em Portugal, onde foi professor na Universidade Moderna e na Universidade do Porto entre 2006 e 2008. Foi também reitor da Universidade Lusíada de Angola.


Manuel dos Santos Lima faleceu em Dezembro de 2024, aos 89 anos, no Hospital do Barreiro, em Portugal. Sua história é um testemunho da luta pela independência de Angola e um exemplo de dedicação e perseverança.

Paulo Leite Barros- Diretor  é fundador do site Lil Pasta News 


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