Um Alerta Português para a Juventude de Angola- Sousa Jamba



Os jovens angolanos crescem num país que ainda está obcecado por Portugal — como um pai abusivo de quem uma querida mãe já se divorciou, os angolanos permanecem fiéis a esse ADN luso, muitas vezes sentindo um imenso orgulho nisso. No mercado de Lumbala Nguimbo, no leste de Angola, onde se veem fardos de roupa usada e bagre  fumado, ouve-se Quim Barreiros e os seus trocadilhos a ecoar bem alto; em Namibé, uma portuguesa gere um restaurante que oferece refeições autenticamente portuguesas no menu — Arroz de Pato, Cataplana de Marisco, Açorda de Mariscos, Polvo à Lagareiro, Bacalhau à Gomes de Sá, Perdiz Estufada, Ensopado de Borrego, Peixe Grelhado com Molho Verde, Doçaria Conventual, Pudim Abade de Priscos, Toucinho do Céu — atraindo pessoas que percorrem centenas de quilómetros para provar um pedaço de Portugal.

 Lembro-me de estar em Catabola, no Bié, em casa de um primo meu, onde a televisão portuguesa passava sem parar; como muitos angolanos, ele era fanático por equipas de futebol portuguesas. Chegaram-me mesmo a contar uma história de dois aldeões que se envolveram numa briga por causa de um jogo de futebol português.


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Mas a ascensão eleitoral de André Ventura e do seu partido de extrema-direita, Chega, em Portugal, é mais do que um tremor político — é um choque que abala as ilusões de longa data da África Lusófona sobre a Europa. Durante décadas, os jovens angolanos viram Portugal como uma extensão natural do seu lar: a mesma língua, uma história partilhada e a promessa de melhores oportunidades. Contudo, a ascensão de Ventura — alimentada por uma retórica anti-imigração e um desprezo mal disfarçado pelos migrantes africanos — sugere que este capítulo pode estar a chegar ao fim.


A campanha do Chega não escondeu as suas intenções: controlos de imigração mais apertados, redução de apoios sociais para estrangeiros e uma visão de identidade portuguesa que deixa pouco espaço para os africanos. O facto de Ventura ser agora a segunda figura política mais poderosa de Portugal é um sinal claro. O que antes era uma corrente subterrânea é agora mainstream.

As reações em Angola não se fizeram esperar, especialmente entre os jovens. As redes sociais estão inundadas de mensagens de traição, descrença e alarme. Muitos questionam: Como pode um país com laços tão profundos com África abraçar uma figura que considera esses laços um fardo?


Claro que nem todos os portugueses pensam assim. Existe ainda um segmento vibrante da população que defende uma visão multicultural — uma visão que vê no mundo lusófono uma comunidade cultural e espiritual partilhada, unida não só pela língua e pela religião, mas também pela história e por interesses mútuos. Estas vozes, no entanto, enfrentam agora uma luta árdua contra uma maré crescente de populismo e exclusão.


Mas este momento de reflexão também convida à introspeção. A dura verdade é que Angola não pode depender da boa vontade dos outros. A Europa está a mudar. A sua política está a voltar-se para dentro, as suas sociedades estão mais céticas em relação à imigração. A porta, que outrora esteve entreaberta, está agora a estreitar-se.


Em vez de lamentar uma porta que se fecha, os jovens angolanos fariam bem em olhar para as vastas possibilidades que se abrem em casa.

Angola não é uma terra árida de desesperança. É um país rico em recursos, ideias e juventude. Dois terços da sua população têm menos de 25 anos. Este dado demográfico não é um fardo — é uma dádiva. Com o investimento certo nas pessoas, Angola poderia ultrapassar os caminhos tradicionais de desenvolvimento.


E esse investimento está a chegar. O Banco Mundial comprometeu-se a investir 250 milhões de dólares para criar empregos para meio milhão de jovens angolanos. O Banco Africano de Desenvolvimento está a formar cerca de 100.000 jovens em áreas como inovação digital e agricultura sustentável face às alterações climáticas. Não são slogans vazios — são programas reais que procuram participantes reais.


Vejamos a agricultura. Angola importa alimentos que poderia produzir internamente. Vastas extensões de terra arável permanecem subtilizadas. Uma nova geração de agroempreendedores poderia mudar isso, transformando a subsistência em excedente e as quintas em negócios. O Movimento Alimentar de Angola já está a trabalhar para tornar isso realidade.

Os desafios são reais: infraestruturas inadequadas, acesso limitado ao financiamento, inércia burocrática. Mas trabalhar para superar esses desafios em casa traz dignidade e apropriação. Em Portugal, podes enviar euros para casa. Em Angola, podes construir algo duradouro.


A reforma educativa está, aos poucos, a alinhar-se com as necessidades do mercado. As start-ups estão a surgir. A cultura do empreendedorismo está a crescer. O que é necessário agora é crença — crença de que o sucesso é possível não apenas no estrangeiro, mas aqui.


E assim, a escolha que se coloca à juventude de Angola não é abstrata. É concreta: ser marginalizado no estrangeiro ou empoderado em casa. Viver na periferia da nação de outra pessoa ou no centro da tua própria.


O Portugal de Ventura pode não te querer. Mas Angola precisa de ti.


Não para fugir, mas para te envolveres. Não para escapar, mas para construir. Não para te renderes, mas para liderar.


O futuro de Angola não será escrito em Lisboa. Será escrito em Huambo, em Benguela, em Luanda — pela mesma juventude que outrora procurou esperança noutro lugar.


O momento de trazer essa esperança para casa é agora.


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