Durante uma recente conversa com o diretor de uma instituição académica no Huambo, uma questão fulcral emergiu para o futuro de Angola: como podemos alinhar os centros de ensino com o setor privado para formar profissionais capazes de responder às necessidades reais do país, especialmente face a oportunidades transformadoras como o Corredor Ferroviário do Lobito?
A resposta não reside em manuais teóricos, mas na prática inspiradora de empreendedores como a Dra. Marlene José, CEO da FoodCare. O seu percurso de sucesso ilustra o que é possível quando a visão encontra uma execução rigorosa. Numa notável entrevista à revista Expansão, a Dra. Marlene José revelou o crescimento por detrás da sua empresa, que transformou 25 alimentos tradicionais angolanos em produtos exportados para a Europa, América do Norte e África. O segredo não é apenas saber o que fazer, mas operacionalizar esse conhecimento do campo até ao consumidor global.
Mais do que uma ferrovia, o Corredor do Lobito é uma artéria económica de 1.300 quilómetros que liga o interior de Angola, rico em recursos, bem como a RDC e a Zâmbia, ao Atlântico através do Porto do Lobito. Com um financiamento de 550 milhões de dólares dos EUA e investimentos europeus adicionais, este projeto promete redefinir o panorama económico regional.
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No entanto, a infraestrutura por si só não gera prosperidade. O desafio, como a FoodCare demonstra, é capacitar os angolanos para transformar oportunidades em resultados. A empresa processa 84 toneladas de mandioca por mês, mas a procura internacional atinge as 700 toneladas. Esta lacuna mostra o que está em jogo e o papel crucial da educação.
A jornada da Dra. Marlene José, que emprega 28 pessoas diretamente e colabora com fornecedores em quatro províncias, reflete os desafios reais do empreendedorismo em Angola: desde a obtenção de certificados de saúde até à construção de cadeias de abastecimento com agricultores familiares. A sua formação em relações internacionais, logística, estudos em Harvard e empreendedorismo representa uma nova geração de líderes focada em converter conhecimento em impacto. Além do lucro, o seu trabalho reconecta a diáspora com os sabores da infância, ilustrado pela emoção de uma cliente luso-angolana ao saborear kizaca após tanto tempo.
Contudo, o testemunho da Dra. Marlene José traz avisos críticos. Ela aponta que fabricantes nacionais estão a considerar deslocalizar-se para a Namíbia, onde as infraestruturas são mais favoráveis, usando matérias-primas angolanas para revender produtos no nosso mercado. Este cenário expõe lacunas na coordenação entre as políticas públicas e o setor privado. O patriotismo económico exige diálogo aberto e ação decisiva.
Com oficinas ferroviárias e um centro de formação em transportes planeados no Corredor do Lobito, o Huambo pode tornar-se o coração logístico e humano da nova economia angolana. Para que isso se concretize, as instituições académicas devem transcender a teoria, preparando profissionais em áreas como:
Gestão da Cadeia de Abastecimento e Logística: Formação prática para ligar produtos agrícolas aos mercados globais.
Processamento Alimentar e Normas de Saúde: Domínio de padrões como HACCP, FDA e certificações internacionais.
Tecnologia Agrícola e Inovação: Adoção de soluções como os sistemas de secagem solar em Bengo, que reduzem custos e melhoram a qualidade.
Desenvolvimento de Marca e Exportação: Transformação de produtos como o mavu em ícones globais.
A Dra. Marlene José adverte: "De 10 pessoas, apenas uma está preparada." Esta desconexão entre a educação e as exigências do mercado exige mudanças urgentes, tais como:
Estágios em empresas reais, dos campos agrícolas às fábricas e portos.
Currículos focados em problemas locais, não apenas em casos estrangeiros.
Redes de mentoria com líderes experientes como a Dra. Marlene José.
Especialização regional, explorando as oportunidades únicas do Corredor.
Com planos para reativar 5.000 hectares de cafezais familiares e procurando 3 milhões de dólares em investimento, a Dra. Marlene José demonstra que negócios sólidos geram empregos, impulsionam as exportações e inspiram outros. Uma academia alinhada com esta visão pode amplificar este impacto, formando profissionais que criam oportunidades em vez de apenas as procurar.
Mais de 3 mil milhões de dólares já foram investidos no Corredor do Lobito em menos de dois anos.
Os carris estão a ser construídos, e os mercados esperam. Sem capital humano preparado, porém, seremos meros espetadores de uma transformação liderada por outros.
A questão não é se existem oportunidades. Elas existem, e a FoodCare é a prova disso. O desafio é formar pessoas capazes de as agarrar. Angola pode e deve liderar esta transformação. Isso exige instituições académicas com raízes no terreno e visão para o futuro. A era das promessas teóricas acabou. É tempo de formar os operadores, inovadores e construtores da nova Angola.
A conversa com o diretor académico do Huambo deve marcar o início de uma reorientação fundamental. Tal como a Dra. Marlene José opera no mercado competitivo com precisão tática, as nossas instituições de ensino devem tornar-se igualmente responsivas às exigências do mercado.
O Corredor Ferroviário do Lobito oferece a Angola uma oportunidade única em gerações para diversificar para além do petróleo e dos minerais, apostando na agricultura de valor acrescentado, na indústria transformadora e nos serviços. Mas para aproveitar esta oportunidade é preciso mais do que infraestrutura. Exige capital humano preparado para as realidades operacionais de competir nos mercados globais.
O Huambo, com a sua posição estratégica no corredor e infraestrutura educacional existente, pode liderar esta transformação.
A questão não é se as oportunidades existem. A Dra. Marlene José e outros já provaram que sim. A questão é se as nossas instituições de ensino prepararão os angolanos para as agarrar.
O tempo das discussões teóricas passou. O corredor está a ser construído. Os mercados esperam. Agora precisamos de graduados prontos para operar nesta nova realidade, guiados pela sabedoria prática daqueles como a Dra. Marlene José que já estão a ter sucesso no mercado global.
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