O silêncio da ERCA, da CCE, do SJA, o vínculo de Laureano com o governo espanhol e a denúncia de Artur Queiroz- Carlos Alberto



O jornalista Armindo Laureano anunciou, em editorial publicado no Novo Jornal, que foi nomeado assessor do Governo de Espanha, no âmbito de um Conselho de Assessores para África, sob alçada do Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol. O cargo é assumidamente político. A actividade é remunerada. A nomeação estende-se até 2028.


Perante este cenário, só há uma conclusão possível: a sua permanência na direcção de um órgão de comunicação social angolano constitui uma violação gravíssima dos princípios da profissão. Trata-se de uma situação de total incompatibilidade com o exercício do jornalismo, à luz de qualquer código de ética profissional digno desse nome.


O jornalista Artur Queiroz, numa crítica directa e sem rodeios, publicada sob o título “Disparem Sobre o Jornalismo”, denuncia precisamente esta contradição. Afirma que Armindo Laureano, ao aceitar ser assessor de um governo estrangeiro, tem de devolver a Carteira Profissional e abandonar imediatamente a direcção do Novo Jornal, por se encontrar em manifesta situação de conflito de interesses. Queiroz acusa ainda a Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA) e o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) de manterem um silêncio cúmplice, desprovido de qualquer sentido de responsabilidade institucional. E eu aumento: o silêncio não é só da ERCA e do SJA. É também da Comissão da Carteira e Ética (CCE), que tem a responsabilidade de exigir a entrega da Carteira de Laureano, tal como já fez com colegas em situações similares (de assessoria).


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Mais do que uma nomeação diplomática, o que está em causa é a credibilidade da profissão jornalística em Angola. Como pode um jornalista proclamar isenção e independência, enquanto presta assessoria a um Estado estrangeiro com interesses directos em África? Como pode um director de jornal servir dois patrões: o público e um governo estrangeiro?


Negócios paralelos entre o Novo Jornal e o governo espanhol 


A denúncia de Artur Queiroz vai mais longe. Levanta questões sérias sobre eventuais negócios paralelos entre o accionista do Novo Jornal, Emanuel Madaleno, e o governo espanhol. Sugere-se a existência de tráfico de influências, favorecimentos recíprocos e utilização encoberta da linha editorial do jornal para pressionar autoridades públicas angolanas. E um dos exemplos mais gritantes, segundo Queiroz, é a campanha de ataques ao bom nome da ministra do Ambiente, Ana Paula Chantre Luna de Carvalho.


Segundo a denúncia, o Novo Jornal terá publicado matérias difamatórias e insistentes contra a ministra após esta ter inviabilizado um projecto - de natureza ainda obscura - com interesses ligados a Espanha, a Madaleno ou a parceiros próximos. Em vez de jornalismo de investigação, o que se praticou foi um "jornalismo de retaliação". O raciocínio implícito é alarmante: se aprovares o projecto, o jornal cala-se; se te opuseres, serás destruída na praça pública. Isto tem um nome: extorsão mediática. E é gravíssimo para o jornalismo angolano. 


Ou seja, o jornal transforma-se num instrumento de pressão e vingança para servir interesses particulares e estrangeiros, traindo por completo a sua missão pública. A liberdade de imprensa, nestes casos, é usada como cobertura para crimes morais e políticos. Como escreve Artur Queiroz: “A isto, os mentores do banditismo mediático chamam liberdade de imprensa. Tudo mentira. É liberdade de extorsão. Liberdade de chantagem. Liberdade de usurpar, insultar, ofender, desonrar.”


Este caso é paradigmático e perigoso. Se não for travado, abrirá precedente para que qualquer director de jornal possa transformar o seu órgão de comunicação num balcão de negócios e chantagens políticas, com cobertura institucional.


Não se pode ser director de jornal e, ao mesmo tempo, assessor de um governo.

Não se pode clamar independência e, ao mesmo tempo, servir agendas externas.

Não se pode usar o jornalismo como escudo para negócios obscuros.


A denúncia de Artur Queiroz não pode cair no vazio. Que sirva de espelho e de alerta para todos os que defendem um jornalismo verdadeiramente imparcial e isento, onde o público é o verdadeiro patrão.


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