LINDO BERNARDO TITO: "Há uma vantagem externa que ele possui, e que pode galvanizar apoio, inclusive fora do partido, mais do que aqueles que já tiveram uma relação com o regime. Diz-se, de forma obscura e pouco clara, que essa relação lhe teria trazido algumas vantagens. Esse é um elemento importante em política: na África contemporânea, ter ligações ao poder pode ser visto, por muitos, de forma negativa".
LEDA: "Por isso os meios justificam os fins, e o contrário também se aplica."
LINDO BERNARDO TITO: "Quando ouço a expressão de Maquiavel, não a interpreto literalmente: é essencial ver o contexto em que ele a utilizou, para quem a dirigiu, e só então tirar conclusões sobre se “os meios justificam os fins”. No nosso caso, não sei ainda se os meios justificarão os fins: teremos de observar o que acontecerá, à luz das relações políticas e das dinâmicas de poder".
Independentemente do que tenho ouvido, inclusive de comentadores de rádio, há quem afirme que uma candidatura do Rafael Massanga surge apenas para uma afirmação dentro da UNITA. Mas já houve muitos casos de candidatos que tentaram afirmar-se e acabaram por ser afastados. Em 2019, por exemplo, um jovem candidato que tentou afirmar-se dentro da UNITA foi expulso e depois reintegrado numa situação secundária.
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Uma vantagem potencial dessa candidatura é a capacidade de unir a UNITA além das clivagens internas. A UNITA tem o chamado “grupo de resgate” e o grupo da Comissão Permanente de apoio à actual direcção; uma candidatura com alcance poderia sentar esses sectores à mesma mesa. Porém, será extremamente difícil: as fissuras resultantes de expulsões e dissidências ainda são profundas, e muitos permaneceram afastados. Resta saber se essa unidade é, de facto, a estratégia real do candidato, até agora os seus projectos políticos não estão totalmente claros.
O que já se percebe é que essa candidatura olha mais para fora do partido: as suas comunicações abordam o país, o que pensa, o que quer para o país, e não apenas assuntos internos da UNITA. Isso é crucial: enquanto alguns concorrentes se limitam à crítica permanente, sem propostas concretas, esta abordagem traz uma visão alternativa e proposicional. Falar do país e apresentar ideias é fundamental para um candidato. Se o adversário continuar apenas a criticar, um candidato que ofereça soluções terá vantagem tanto internamente como externamente.
No plano interno-eleitoral, contudo, será difícil quebrar estruturas já consolidadas: há cerca de 700 militantes ligados à actual liderança, muitos deles membros da Comissão Permanente — e isso dá uma capacidade grande de mobilização. A juventude e o espírito de congregação de outras candidaturas podem, no entanto, sê-lo um factor de atração, sobretudo se apostarem nas raízes históricas e na identidade da UNITA. Mas essa “descendência” dificilmente neutraliza a percepção externa que actores adversos procurarão explorar após a eleição do próximo líder.
Há muitas questões pendentes sobre estas candidaturas; só os militantes da UNITA saberão decidir. Nós, como comentadores, observamos, ouvimos e recordamos os bastidores, dentro e fora do partido. Algumas análises são entusiásticas e pouco serenas: olham para a UNITA apenas como uma forma de chegar ao governo, sem avaliar riscos. Se os principais líderes transmitirem a ideia de que a vontade de poder existe apenas para assumir o passado, e não para resolver problemas concretos, pobreza, fome, falta de educação, essa estratégia pode ser autodestrutiva. Quem quiser governar o país precisa de olhar para o futuro e para as soluções, não para reviver o passado".
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