O antigo presidente da UNITA, Isaías Samacuva, divulgou neste sábado uma exposição em que refuta as acusações de que a direção por si liderada, cessada em 2019, teria deixado dívidas que comprometem o funcionamento atual do partido.
Na nota, Samacuva recorda que, quando assumiu a liderança em 2003, a direção saída do IX Congresso encontrou dívidas superiores a um milhão e meio de dólares, resultantes de despesas do congresso e da manutenção do partido. Para saldar esses compromissos, a nova direção recorreu ao Banco BAI, obtendo um crédito no mesmo valor, pago com o subsídio estatal correspondente ao número de deputados da UNITA na Assembleia Nacional.
“Gerimos o partido de forma parcimoniosa e conseguimos pagar tanto a dívida herdada como o crédito bancário”, afirma o documento.
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Segundo Samacuva, ao longo dos anos seguintes, a UNITA voltou a contrair novos créditos, num total de cerca de 1,5 milhão de dólares, sempre com pagamentos realizados dentro dos prazos estipulados. Paralelamente, o partido adquiriu lotes de viaturas a crédito, com valores estimados em mais de dois milhões de dólares, pagos em ciclos de três anos.
O antigo líder explica que a maior dívida pendente, ainda em pagamento, está relacionada com a compra de material de propaganda para as eleições de 2008, no valor de oito milhões de dólares, adquiridos a um comerciante chinês. A transação, segundo a exposição, foi negociada em prestações devido à incapacidade financeira do partido na época. Com a redução do número de deputados da UNITA, os prazos e valores foram renegociados, resultando num pagamento que “levará décadas a ser concluído”.
“Essa dívida é a única remanescente e nunca impediu o pagamento de rendas, subsídios, viaturas ou outras despesas de funcionamento do partido”, sublinha Samacuva.
O ex-presidente também menciona que, durante a sua gestão, surgiram alegadas reclamações de cidadãos nacionais e estrangeiros sobre dívidas antigas, supostamente contraídas nos últimos anos da guerra. No entanto, apenas os casos devidamente comprovados foram pagos, assegura.
Perante as recentes declarações de dirigentes atuais que teriam atribuído à antiga direção a responsabilidade por dívidas que afetariam o partido, Samacuva questiona:
“Pode a direção cessante dizer-nos quem foram os credores, os montantes pagos e a natureza dos produtos ou serviços adquiridos? Pode apresentar os comprovativos dos pagamentos efetuados?”
Na parte final da nota, Isaías Samacuva rejeita qualquer tentativa de imputar responsabilidades financeiras à direção que liderou até 2019 e afirma que todas as contas foram apresentadas publicamente ao XIII Congresso da UNITA, “com projeção de dados e relatórios detalhados aos delegados”.
“Qualquer outra dívida que tenha surgido posteriormente não deve ser atribuída à nossa direção. Refutamos e recusamos aceitar as afirmações do presidente cessante e candidato nº 2 ao cargo de presidente da UNITA”, conclui.
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