DOMINGOS NJANDO MWEKALIA- DEMETRIO KOKELU TULUMBA



Conheci o Dr. Jardo Muekalha em 85/86, na Jamba, no Comité II, Ngamboa. Eu vinha do Delta com o grupo Folclórico, onde a minha avó era parte integrante,. Fui ao QG passar alguns dias com os pais e conhece-los. Calhou que o irmão do meu pai Morais Tulumba vinha à minha busca para passar alguns dias com ele. Vivia na cercania da BRD onde também moravam todos membros da comunidade de inteligência da UNITA. Foi assim que conheci o kota Matos, kota Azinhaes, kota Silas, kota Cavas e o Dr. Jardo mas numa visão um pouco turva. Fui com a minha mãe no programa no BI, na recepção do Piter Botha. Houvi minha mãe a falar do kota Jardo, como cunhado, visto que era noivo/marido da nossa tia Bela Chipeyo. Nas poucas viagens que efetuou à Jamba, dava um pulo de saudação à casa do Dr. Jaka Jamba e nós na qualidade de vizinhos aproveitavamos ve-lo e as vezes aproveitar fazer alguns pedidos de brinquedos e bolas, visto que, na vizinhança só era o Telmo Ngolo que tinha. 


Passamos a ouvi-lo em entrevistas radiofónicas, a ve-lo no jornal Kwacha Angola. Passou a ser fonte de inspiração de muitos kotas, em conversas, principalmente de regresso à partidas de futebol e muito mais. Em 1988/89 vivia-se uma situação de tensão na disputa eleitoral entre Bush pai e Diukack. Entramos numa azáfama mesmo na inocência das coisas e daí passamos a saber da importância dos Estados Unidos na luta da UNITA e o interesse pela política norte-americana passou a ser maior. O sonho de cada um de nós, miúdos naltura era conhecer os EUA e fora da política, conhecer as grandes estrelas do cinema, como: Arnald Swazneiger, comando Jó, Chic Nory e outros, estrelas que víamos nas exibições de filmes, no pátio do SINTRAL. O hilariante é quando o vice-presidente Chitunda instalou um sistema de televisão na casa do Governo que só apresentava a CNN e nós pensando que fosse filme, ficávamos horas a ver noticias sem agrado.


Em Novembro de 1994, a UNITA perde o Uíge e o Huambo, o Cafunfo e o Kuito Kuanaval. Debandada total, uma crise sem nenhuma luz. O discurso de Final de ano de bom ano do Dr. Savimbi acalentou os espíritos. Para apimentar este alento, no seu informe, no VIII Congresso no Bailundo, o Dr. Savimbi leu algumas mensagens enviadas pelo seu representante nos EUA, atendo-se à passagens consoladoras, tendo em conta o contexto: "As noites mais escuras têm no firmamento as estrelas mais brilhantes ". "A vida é na sua essência o equilíbrio dos extremos e não o desvendar do caminho para o inferno ". O Mv dizia, bastante emocionado: " O Jardo foi feliz". O que passou a despertar em mim uma admiração e respeito a essa ilustre figura da vibrante e heroica geração dos anos 50, que deu o 'litro' por uma Angola melhor para o seu povo martirizado, que continua a lutar por dias melhores e realização plena. 


Em 2002/03 com o fim do conflito armado, assinatura do memorando de intendimento e a consequente reunificação do partido,  na qualidade de quadro das relações públicas do Gab do coordenador da comissão de gestão Lucamba Gato, passeia a levar documentos para membros do Comité permanente incluindo a missão externa que a maioria estava nos Hotéis. O Dr. Jardo estava no Hotel Tivolly. Sempre com os seus jornais preferidos: Semanário angolense e o Folha 8, conversámos bastante, sobre a família, o partido  e os estudos, o papel da juventude como vanguarda do partido. Falava da necessidade de se preencher o cadeirão máximo do partido e a consequente rotatividade. Por causa dele chegava em casa tarde. Passamos a nos avistar nos Congressos, IX, X e outros, no lançamento o seu Instituto de Desenvolvimento Democrático (IDD) e por último nas Exéquias do presidente fundador em 2019. Consta do leque de Mais Velhos que exigi para que escrevessem: Dr. Jaka Jamba, Gen. Chilingutila, Gen. Wiyo, Professor Bonga e ele. 


Ficaram as lembranças, e as promessas dos brinquedos e bolas, dos conselhos (que são mais importantes), da admiração ao ouvi-lo a falar, dos seus escritos como: as ameaças de morte do tio Rocha, na Kanhanla, os maltratos do tio Sangue, com transporte de capim mesmo doente, dos debates havidos no Kakuchi com os intelectuais sobre a existência de um ser superior, que devia ter também o seu superior, dos colegas cómicos ( em terra), postos no avião para Marrocos ficaram mudos e murchos até ao fim da viagem, dos que queriam que conduzisses os serviços secretos a moda revolucionária maoista, da história hilariante em que a esposa do Ministro sul-africano perguntou ao Dr. Savimbi se escrevia sobre amor e ele respondeu: " Na minha idade é impossível ". Virou-se para si e perguntou: "e tu?" Respondesnte:  "na minha idade não escrevo, faço." Da salvação do partido com o apoio logístico à Mavinga, do protocolo de Lusaka e do seu contributo para a democratização interna no partido. Adeus comandante, intelectual de fibra, Diplomata. A África e Angola devem proteger os seus cérebros.


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