Só de opinião que Valentim Amões é o nome de consenso para Centralidade da Caála, e não Faustino Muteka- Nelson Francisco Sul



Essa coisa de atribuir nome a uma "centralidade", visando homenagear uma determinada personalidade, mais ainda se tratando de uma figura tão controversa como a de Faustino Muteka, o militar que (des)governou o 'Planalto Central' com "braço de ferro" mesmo numa cadeira de rodas e, durante meses, estando numa clínica no Brasil, acho que deveria ser objecto de consulta popular. Em termos econômico, social e político, penso que Valentim Amões fez mais pelo Huambo do que qualquer nativo. Foi uma figura de equilíbrio na longa guerra civil entre a UNITA e o MPLA. Estabeleceu pontes para que o Huambo não fosse privado do acesso aos produtos essenciais para sobrevivência das suas populações, como roupa, alimento, para lá, naturalmente, dos investimentos com grande impacto na região. 


Amões foi simplesmente um empresário com grande sentido humanitário. Apesar de ter sido militante do MPLA, o partido no poder, fez questão de clarificar que o seu foco era o negócio, daí ter tido 'carta branca' para circular livremente, inclusive sob as “barbas" do mano mais-velho, Jonas Savimbi. Investiu lá onde o MPLA, enquanto partido Estado, recusou-se em aplicar um tostão por conta do conflito armado. 

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Não é menos verdade que a ousadia do empresário criara um certo amargo de boca na cúpula dirigente do 'Kremlin', que tentou a todo custo conotar o empresário à guerrilha fundada por Savimbi e Tony da Costa Fernandes. Do lado da UNITA, não podia ser diferente: também havia crença de que Valentim Amões era um informante do regime. O certo mesmo é que os dois lados da contenda pelo controlo de Luanda tinham de ceder aos intuitos do influente empresário, natural do Huambo, para não serem acusados de lutarem contra as populações. 


Portanto, vem este resumo para dizer que não colhe o argumento segundo o qual Muteka foi o nome escolhido por ter sido o negociador da paz, até porque não se negoceia sozinho. As diversas etapas e tentativas de negociação para o fim da guerra tiveram (têm) dois lados da moeda. Houve vários intervenientes. A mais importante de todas, do meu ponto de vista, foi aquela que culminou com a paz efectiva, em Abril de 2002. Duas figuras devem ser ressaltadas: José Eduardo dos Santos e Paulo Lukamba 'Gato'. Os restantes tiveram o seu papel, cimeiro, claro, mas dentro da lógica de grupo e da orientação/visão do 'chefe'.


Talvez o problema não esteja no nome de Faustino Muteka, mas em homenagear apenas aqueles que estiveram do lado do MPLA, como se os acordos para a independência do País, para implantação do multipartidarismo e para a paz e reconciliação nacional, fossem apenas obra de um único grupo ideológico.


Termino onde comecei: essa coisa de atribuir nomes a cidades, ruas, instituições públicas, monumentos, sítios e afins, deveria ser objecto de consulta pública. Assim evitavamos homenagear falsos heróis.



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