Os negócios de José Pedro de Morais: Ex-ministro angolano pagou em dinheiro vivo mais de 5 milhões dólares para comprar sua mansão à beira-mar em Miami

O ex-ministro das Finanças de um regime notoriamente corrupto em Angola tem uma mansão ao estilo dos grandes artistas de Hollywood em Miami.

José Pedro de Morais passou praticamente toda a sua vida exercendo cargos público, ocupando varias pastas no regime angolano rico em petróleo de José Eduardo dos Santos, amplamente considerado um dos governantes mais corruptos do mundo. Os salários oficiais dos funcionários do governo angolano são bastante baixos, mas depois de renunciar ao governo, Morais gastou pelo menos US$ 10 milhões em imóveis nos Estados Unidos e em Portugal, incluindo uma propriedade de luxo em Miami. Por um tempo, ele teve uma participação significativa em um banco Coral Gables.

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Morais ocupou uma série de altos cargos econômicos na função pública a partir de 1977, quando tinha 22 anos, dois anos depois de Angola conquistar a independência de Portugal e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tomar o poder. Em 1994, tornou-se chefe do Ministério do Planejamento e Coordenação Econômica e, posteriormente, atuou em Washington como governador de Angola no Banco Mundial e diretor executivo suplente do Fundo Monetário Internacional. Regressou a Angola em 2002 e foi nomeado ministro das Finanças, ocupando o cargo até 2008.

Nessa função, Morais reduziu a inflação ao cortar gastos do governo, o que o tornou o queridinho da comunidade financeira internacional. “Este poderoso tecnocrata ganhou a confiança do então presidente da república para fazer Angola avançar do declínio e da dissensão a um ponto em que os comentadores locais e o Fundo Monetário Internacional expressam admiração, beirando a incredulidade”, disse a revista The Banker ao nomear Morais “Ministro das Finanças da o ano” em 2008.

Os fatos são um pouco mais complicados. A economia angolana recuperou durante os anos de Morais como ministro das Finanças, mas isso ocorreu em grande parte porque a produção de petróleo disparou, gerando enormes entradas de dinheiro para o governo. Além disso, durante o mesmo período, o governo angolano providenciou vastos “empréstimos garantidos pelo petróleo” – assim chamados porque são pagos com futuros embarques de petróleo bruto – que normalmente carregam altas taxas de juros e encaminham pagamentos através de veículos offshore em vez de tesouros estatais. Com Angola cheia de dinheiro, já não precisava de empréstimos do FMI e, portanto, Morais suspendeu as negociações para entrar em um programa formal com a organização, o que exigiria que o governo fosse mais transparente sobre como gastava seu dinheiro.

Depois de renunciar ao cargo de ministro das Finanças em 2008, Morais e sua esposa se mudaram para Miami. Em agosto daquele ano, ele comprou uma casa à beira-mar de US$ 5,4 milhões em Miami Beach, pagando em dinheiro. De acordo com os registros do imóvel, a propriedade de Morais está localizada em um terreno de 12.000 pés quadrados e possui cinco quartos e quatro banheiros. Em 2009, ele refez o pátio e substituiu um cais, acrescentando dois novos elevadores para barcos, de acordo com um pedido de licença que apresentou ao município.

Morais comprou a propriedade em nome próprio; Encontrei-o apenas porque ele escreveu um depoimento brilhante para seu corretor de imóveis, que vende propriedades em Sunny Isles. “Gostaria de dizer que desde que conheci John Gee, minhas relações com ele não foram nada além de excepcionalmente boas!” Morais disse em um comentário postado no site da agência.

Morais também se tornou acionista majoritário do EuroBank, com sede em Coral Gables, que em 2011 tinha cerca de US$ 95 milhões em ativos. Em junho daquele ano, o South Florida Business Journal informou que os reguladores federais planejavam atingir o EuroBank “com uma ordem de cessar e desistir por suas supostas violações das leis bancárias”. Os federais disseram que o banco “se envolveu em administração e subscrição de empréstimos negligentes”, bem como “empréstimos estendidos a mutuários sem avaliar adequadamente seu fluxo de caixa global e capacidade de pagamento” e “operaram com capital insuficiente” em relação à qualidade de seus ativos. .

Na mesma época, o Banco do Brasil apresentou aos acionistas do EuroBank um pedido de compra do banco, o que foi feito posteriormente. A candidatura descrevia Morais como o terceiro maior acionista, com 9,8 por cento de participação.

Dados em posse do Lil Pasta News, apresentam Morais como proprietário de quatro apartamentos num complexo habitacional de luxo no Estoril, subúrbio costeiro de Lisboa. “O complexo contém alguns dos apartamentos mais caros de Portugal, com preços entre um milhão e cinco milhões de euros por unidade”, relatou Marques. Disse que o complexo era conhecido como “o edifício dos angolanos”, devido ao facto de muitos funcionários do governo terem lá propriedades.

Em troca de perdão presidencial em 2019, José Pedro de Morais colaborou com as autoridades angolanas devolvendo aos cofres do Estado a quantia de 60 milhões de dólares americanos.

Pedro de Morais Júnior é geralmente citado como tendo ativos na casa dos dois bilhões de dólares adquiridos ao tempo da governação de José Eduardo dos Santos. Os seus interesses passam pela banco (Ex-BANC, BNI, Banco Keve e exterior do país), empresas de seguros (Global Seguros), jogo de sorteios como totoloto (FININGEST) e casino. Controla fazendas no Kuanza-Sul, rede escolar, hotéis e etc. Os seus interesses se cruzam também com a Coca-Cola Bottling Luanda.

Os angolanos, em geral, aguardam ansiosos que as autoridades policiais e judiciais, a SIC e a Procuradoria Geral da República (PGR), através da Direcção Nacional de Investigação Criminal e Acção Penal (DNIAP), diante de tantos crimes comprovados de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influência, branqueamento de capitais e associação criminosa, venham a público explicar em que pé fica a situação de Jose Pedro de Morais no âmbito do combate contra a corrupção e de recuperação de activos, para que todo procedimento, de combate à corrupção e afins, não continue a cair em descrédito.