Leilão
inaugural de Fevereiro coloca divisas para cobrir exclusivamente cartas
de créditos, para compras diversas, numa semana em que o banco central
assume ter vendido dólar. Relatório não identifica bancos beneficiários
dos primeiros dólares do ano.
O
Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu, na semana passada, 225,6 milhões
de dólares para coberturas de cartas de créditos, num leilão marcado com
o regresso da moeda norte-americana, o dólar, ao mercado de câmbio,
quase dois anos depois de afastada das operações cambiais por força da
crise.
De
acordo com a nota do banco central que resume o leilão, o montante foi
todo canalizado para coberturas de cartas de créditos, “com o objectivo
de assegurar a importação de matéria-prima, peças e equipamentos para a
indústria transformadora, incluindo alimentar e bebidas e prestação de
serviço ao sector petrolífero”.
As
sessões anteriores, precisamente de todo o mês de Janeiro, foram feitas
em euro. Aliás, foi assim durante quase dois anos, a contar desde o
segundo semestre de 2015.
Só
em 2017, nenhum dólar saiu dos leilões ou das vendas directas, sendo que
as operações do mercado oficial foram todas em euro. Nesta sessão de
7de Fevereiro, assim como nas anteriores, a justificação foi a escassez
de moeda estrangeira, sobretudo o dinheiro dos EUA, que, desde 2014,
deixou de entrar no país, devido à crise do petróleo e ao corte nas
relações com os correspondentes bancários (ver gráfico).
É
também o desaparecimento do dólar que forçou o BNA a trocar a moeda como
referência para todas as operações do mercado oficial de câmbio,
passando as conversões pela nova cotação base kwanza/euro, de acordo com
o próprio banco central que anunciou a medida no primeiro comunicado de
leilões de divisas com taxas flutuantes.
Com
esta alteração, o banco central confirmava, assim, o desaparecimento do
dólar nas operações de câmbio e nos leilões oficiais de divisas, ao
deitar abaixo o dólar e deixar entrar o euro, em todas as operações de
câmbios de referência.
“O
Banco Nacional de Angola informa ao público, que no dia 08.01.2018,
procedeu ao ajuste da sua tabela de câmbios de referência, de modo a que
esta tenha como base a cotação Kwanza/EURO, sendo as outras cotações
apuradas em função da taxa de câmbio do EURO/outras moedas”, avisara o
regulador, numa medida que saiu da conferência de imprensa promovida
pela equipa económica do Governo, que apresentou, no início de Janeiro, o
Plano de Estabilização Macroeconomica.
BNA omite beneficiários
Sem
mencionar entidades bancárias participantes e beneficiárias dos dólares
dessa sessão, o BNA garante ainda que, diferente das sessões passadas, o
leilão que reinaugura o regresso do dólar nas operações cambiais “não
resultou em qualquer alteração da taxa de câmbio”.
“Para
bens alimentares e medicamentos, o BNA mantém ainda o mecanismo de
vendas directas por indicação dos organismos de tutela. Para operações
privadas (educação, saúde, viagens e salários de expatriados), a venda
de divisas mantém-se por alocação aos bancos comerciais em função da sua
quota de mercado no segmento de particulares”, lê-se numa nota do banco
central, que antevê o próximo leilão para esta segunda-feira, 12.
Dólar só com exportação
Apesar
de a nota do último leilão não trazer anexedas explicações do regresso
do dólar, o governador do BNA tinha antecipado, no entanto, que o
regresso da moeda seria ditada pelo aumento da produção e exportação
nacioal, assim como pela redução da importação.
“Mais
divisas para o país, temos de exportar mais. Ou aquilo que exportamos
tem de ter um preço mais alto. Ou temos a condição de importar menos”,
apontara o governador, para quem as divisas “não dependem apenas da
inexistência de correspondentes bancários”. VE
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