José Eduardo dos Santos admitiu esta semana, pela primeira vez,
antecipar a sua saída da liderança do MPLA, o partido que há 42 anos
governa Angola. As atenções estão concentradas na reunião do comité
central do partido marcada para esta sexta-feira
“Se quiserem que eu saia, eu saio já” - José Eduardo dos Santos
O ex-chefe de Estado angolano reconheceu esta semana, durante uma
reunião da cúpula do MPLA, que poderá abandonar a presidência do
partido, cargo que tinha prometido deixar até ao fim deste ano. A
declaração de que poderá fazê-lo em breve foi feita depois de Roberto de
Almeida, um dos subscritores de um abaixo assinado contra a sua
permanência à frente do MPLA, ter exigido o fim imediato da bicefalia
política: João Lourenço é o Presidente da República e Eduardo dos Santos
o líder do partido que governa o país - e que até recentemente era
automaticamente o chefe do Estado.
“Se quiserem que eu saia, eu
saio já!” – disse, visivelmente incomodado, o líder do MPLA, em reação à
corrente de vozes que, no seio do partido, pretendem vê-lo afastado da
vida política.
O partido desmente existência de "clivagens" mas admite reflexão sobre esse período de transição.
MPLA emitiu um comunicado esta semana afirmando que “indivíduos eivados
de má-fé estão a fazer circular, através das redes sociais e não só,
uma onda de especulações, fazendo crer da existência de clivagens graves
no seio do MPLA, o que não corresponde à verdade, porquanto o partido
mantém-se coeso e pronto para discutir, democraticamente, todos os
assuntos da actualidade política de Angola”.
O documento disse
ainda que a direcção do MPLA ”nunca se furtará à reflexão, clara e
objectiva, sobre o processo de transição político-partidária, tal como o
fez a respeito do aparelho do Estado”.
A Voz da América tentou obter o comentário do porta-voz dp MPLA mas sem sucesso.
O deputado da CASA-SE
Makuta Nkondo disse estar convencido de que essas
clivagens sejam verdadeiras e acrescentou que José Eduardo dos Santos
“quer voltar atrás” com a sua promessa de abandonar a política este ano e
nomear Paulo Kassoma para presidente do partido.
Entretanto, o
comentarista Joao Lukombo Zatuzola afirmou que não resta outra saída a
Santos a não ser abandonar a chefia do partido este ano.
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