Espero que esta carta o encontre em perfeita saúde e disposição. Cá saúde relativa.
Faço essas linhas num espírito de irmandade e comprometimento pela causa, que levou os nossos maiores e que tem que triunfar. Tenho por si uma estima e consideração, como inspirador de muitos.
Não é mister, na qualidade de dirigente, lançar verborreias e destilar ódio contra companheiros de rotour que em várias ocasiões acreditaram em si.
Ninguém está ao serviço do regime de Angola, as nossas contradições internas, resultam da falta de diálogo e humildade. Os nossos corações, que não sirvam somente para bombear sangue nas veias, nele devem estar plasmados alguns dos nossos valores, da UNITA. Sabes o mote e o pomo do problema, que é jurídico e obedece os princípios constitucionais e republicanos, geralmente aceites.
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"TRAIDORES", depende da posição em que se encontra ao proferir tais acusações. Até pelo que soubemos, foi o DEPUTADO quem levou Abel Chivukuvuku e companhia, para o Huambo, com uma recepção de grande calibre. Ontem foram eles que na tentativa de acabar com a UNITA, fundaram a CASA-CE com beneplácito de JES. Esses, não atrasaram a marcha. Os indivíduos que eram pagos para falarem mal da Direcção anterior, também atrasavam a marcha? O grupo de reflexão? Será que é aceitável a tentativa de legalização da FPU, sendo a UNITA relegada à um passado histórico do Muagai, sob olhar cúmplice de vossa Excia? É mister a descaracterização da nossa cultura organizacional?
Tens conhecimentos de como o velho Samakuva foi combatido, ao ponto de prepararem homens, para uma suposta tentativa de golpe de estado à Zé Dú e imputar-se a culpa a ele e ser retirado da presidência do partido. Achas mesmo lídimo e ideal aquela manifestação no Sovsmo contra ele com canções de amofaria e cartazes com insultos como: " não sei o quê da mãe de ..."? É essa educação que recebemos? "Filho da ... do..." isso é que é a forma ideal de lidar com os Mvs?
Nos bairros onde moramos, não compramos nada em gatunos porque depois a polícia cai por cima de nós e nem aceitámos ofertas dos mesmos. Quanto mais os que delapidaram os cofres do estado? Carcuminaram os cofres do estado, adiando assim o nosso futuro de todos nós. A nossa aliança com a África do Sul na era do apartheid, deveu-se a nossa fraqueza. Actualmente não estamos fracos para procedermos convenções de acomodação. Será que o lançar dessas farpas é por causa do desaparecimento físico de Zé Dú?
A nossa revolução, na luta contra o imperialismo russo-cubano e não só, foi muito tensa, tendo em conta o momento que se impunha e as ofensivas cíclicas, e que os erros da Direcção, em alguns momentos, eram indiscutíveis e quem o fizesse naquele ambiente, os nossos órgãos de segurança não poupavam esforço. Dr. Savimbi teve a grande elevação de reconhecer o " nosso passivo". No contexto atual é diferente. Se os locais próprios estão prenhe de ditadores, as pessoas procuram outras formas e meios de reagir e nunca vender a alma ao diabo como muitos fizeram e comeram do mesmo pão. Os que receberam dinheiro estão aí bem de vida.
Ninguém quer estar na oposição para sempre, porque se não iríamos cruzar os braços e desistir da luta. Somos actores desta luta e mesmo com os obstáculos impostos sempre demos a cara a luta com o fito de se atingir esse nobre desiderato, mobilizando o povo para mudança. Sempre clamamos pela mudança, para a realização plena do angolano sem a interferência daqueles que querem o regresso dos vícios do passado.
Urge, neste momento de grande desafio, evitarmos a iracibilidade, elevando muito mais o diálogo e que vença a UNITA, para gáudio de todos nós, no intuito de realizarmos Angola e os angolanos.
Demetrio Kokelu Tulumba, psicólogo e antigo secretário municipal da UNITA no Kilamba Kiaxe
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