Como militante civilizado do MPLA, fico sem perceber a enorme gritaria que alguns colegas, em nome do partido, vêm fazendo, a propósito da anunciada pretensão da UNITA de vir a intentar um processo de destituição contra o presidente João Lourenço, algo cabível nos termos da constituição. O Glorioso deveria entender isso como algo absolutamente normal, no quadro do jogo político e democrático em que intervém, ao invés de partir para manifestações histéricas, com base em discursos medievais sobre a guerra que já ninguém liga, sobretudo os cidadãos mais jovens, boa parte dos quais nem sabe sequer quem foi Jonas Savimbi.
Confesso que fiquei perplexo com o papelão do meu amigo Gigi, pelo baixo nível do seu discurso, inaceitável para quem é uma autoridade respeitada quando o assunto é Direito, embora seja compreensível a razão que o leva a sacrificar a academia. Curiosamente, os porta-vozes do MPLA parecem andar em dessintonia, já que Kilamba Vandunem, que também esteve histérico há alguns dias, já evoluiu para um discurso mais civilizado, mais consentâneo com uma análise correcta do facto político SABIAMENTE criado pela UNITA.
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Penso que o Glorioso, ao invés de se preocupar em diabolizar o Galo Negro, devia é dar atenção principal ao seu grupo parlamentar, uma vez que, a haver algum perigo, só pode vir precisamente de lá, já que Adalberto Costa Júnior e sus muchachos, a solo, nada podem fazer. Ainda que se diga que em política tudo pode acontecer, duvido que a UNITA possa vir a conseguir «roubar» pelo menos 57 votos à bancada parlamentar do MPLA, para poder fazer chegar o processo ao tribunal supremo ou ao tribunal constitucional. Se isso chegasse a acontecer eventualmente, o MPLA teria que se dividir em dois ou mesmo em três. Ainda que o processo saísse do parlamento, o que é quase impossível, insisto, acabaria encalhado na justiça, como até as velhas todas lá do bairro já sabem.
Daí que não se compreenda a razão de tanta histeria. A não ser que o perigo de divisão seja muito mais sério do que se podia imaginar. Mesmo assim, haja lá calma, carago!
Salas Neto
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