DESTERRADO NA «CAPITAL» DA TPA



Pronto. E lá me apresentei na redacção do «A Capital», programa de segunda linha da direcção de informação da TPA, no qual iniciaria a primeira e única experiência em televisão que haveria de ter no decurso da minha longa carreira jornalística, que prossegue de algum modo, embora já tenha oficialmente pendurado as chuteiras em 2016.

Além de manter esta coluna, vou exercitando-me nas redes sociais, que para mim serão a tribuna privilegiada de um novo jornalismo, o que surgiu e se desenvolveu com a popularização da internet, em que qualquer cidadão pode produzir informação de interesse público, desde que tenha um smartphone ou um computador e assunto para contar, ainda que muito boa gente, ultraconservadora, como o Teixeira Cândido, discorde ferozmente desta conceituação revolucionária.

Enquanto ele e alguns amigos seus da ala radical do sindicato estrebucham, dizendo que não há em definitivo jornalismo nas redes sociais, eu faço do meu mural no facebook um jornal generalista independente, com noticiário, análise política, literatura (crónicas) e algum entretenimento, que até tem boa aceitação pública, modéstia à parte.



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De resto, tudo parece girar agora à volta das redes sociais, que até serão uma das principais fontes de informação, não só para o grande público directamente, como também indirecta, enquanto municiadoras em larga escala dos próprios órgãos de comunicação social convencionais.

Aliás, abro um parêntesis para dizer que entre nós até já parece que muitos dos diferentes problemas gerais da sociedade só são tidos em consideração e\ou resolvidos se forem publicados ou denunciados nas redes sociais. São prova disso os diversos casos de polícia que acabam mediatizados (vide o «filme» do filhinho do juiz que deu uma de perigoso pistoleiro) ou os assuntos dos cidadãos que carecem do desembaraço de outros serviços da administração pública para a respectiva solução, como o buracão por tapar nessa estrada ou o passaporte por desencalhar naquela repartição esquematizada do SME. 

É ver os «porta-vozes»a abrirem-se em justificações e mais explicações, algumas estapafúrdias, é claro, que doutra forma não se dignariam a conceder ao grande público. Mas, tudo isso será conversa para outro dia.

Ora, estávamos em Fevereiro de 1991. Sentia-me desterrado na redacção do «A Capital», programa dedicado a Luanda, que seria o percursor do actual «Ecos e Factos», para a qual fora atirado. Todo o mundo sabia que eu tinha competências e valências para estar na redacção central, nem que fosse apenas como editor ou assim, e não secundarizado pura e simplesmente naquela secção menor, num cantinho do edifício principal da estação.

Não gostei nem um bocado, mas lá tive que me submeter, por não ter então qualquer outra opção, nem mesmo o recuo, uma vez que já havia pedido demissão do Jornal de Angola. Ainda cheguei a pensar que talvez o Adelino de Almeida estivesse apenas a treinar-me, em preparação para outros voos, já que uma coisa era fazer jornalismo de imprensa e outra fazer televisão, mas a esperança desvaneceu-se muito rapidamente, após concluir que a ideia era mais mirabolante que de concretização provável.

Seria bom demais para alguém que, aliás, quase nunca alinha em optimismos gratuitos, a fim de não coleccionar decepções ou frustrações evitáveis, ainda que sonhar não seja proibido.

Já não me lembro milimetricamente de toda a malta que lá encontrara, mas sei que passáramos a ser um grupo de seis jornalistas, três meninas e três rapazes, sem contar com o realizador, cujo nome se apagou mesmo, nem com os camaramen, que vinham da central. Entre as raparigas estavam a Ana Lemos, a Antónia Pacavira e a Inês Cardoso, salvo o erro, sendo esta repórter e as duas primeiras apresentadoras. Já os moços (eu, Salas Neto, o António Nascimento e o Sá) eram todos repórteres.

A Antónia Pacavira era a única a quem eu já conhecia desde 1978, por intermediação duma sua irmã mais velha, a Rosa Pacavira, esta mesmo que viria a ser ministra do Comércio no último governo de José Eduardo dos Santos, que fora naquele ano minha colega da 8.ª classe, na escola «Njinga Mbandi».

Eu e a Rosa voltamos a ser colegas de turma já no INE Garcia Neto, antes de me separar dela em 1980, quando decidi suspender os estudos na 10.ª classe, para me dedicar em exclusivo ao Jornal de Angola, onde era revisor de página, no que seria, todavia, uma das maiores estupidezes entre todas que acabaria por cometer ao longo da minha vida.


Salas Neto 

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