“Kikongo”, marca de papel higiênico? inadmissível



O papel higiénico é um recurso que se utiliza para o uso sanitário e higiene pessoal, sobretudo depois de expulsarmos os excrementos. Recentemente “alguém” teve a mirabolante ideia de atribuir a uma marca de papel higiénico a designação de um dos grupos etnolinguísticos mais representativos do nosso Pais: o “Kikongo”! Mas, que abuso abusado (digo eu)!

Como se sente e é filho de boa gente e ainda por cima mukongo, o médico e militar reformado das Forças Armadas Angolanas (FAA), Matadi Daniel reagiu, nas redes sociais, à atribuição do nome “Kikongo” ao papel higiênico, nos seguintes termos:


“Isto é a todos os TÍTULOS CONDENÁVEL, acho até absolutamente reprovável, que o nome de um grupo etnolinguístico sejam eles; Kikongos, Kimbundus , Umbundus ou outros, seja dada à marca de PAPEL HIGIÉNICO cuja serventia, TODOS nós sabemos para que serve. É execrável e deveria ser criminalizado por esse atentado, a um dos grupos que formam o mosaico étnico desse país, do qual também sou descendente. Não pode valer tudo! Onde está o Regulador? Isso é algum Lugar, ou um País? Como é que se permite uma coisa dessas???”



Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762



Cauciono com todas as minhas forças a posição de Matadi Daniel. A iniciativa constitui, de facto, um insulto. Os angolanos (de bem) querem uma Nação una e indivisível. Os angolanos, por si só, recusam-se a olhar-se mutuamente com base em rótulos políticos-ideológicos ou étnicos-tribais.


Nenhum angolano patriota quer um País em sobressaltos políticos ou militares em virtude de um estulto e inadequado bullying por causa da origem étnica de todos e de cada um de nós.Cuidemos, pois, para que isto não aconteça, sob pena de isso um dia degenerar em conflitos (guerras) de cariz étnico, como acontece em muitos países africanos.


O assunto é muito mais sério do que possa parecer. Ele deveria convocar a atenção do Executivo e a indignação dos deputados à Assembleia Nacional com uma tomada de posição clara e firme, objetivando desencorajar iniciativas similares.


O assunto é muito sério. Tão sério quanto sensível politicamente falando. Por isso entendo que se a empresa que fabricou e atribuiu a patente “Kikongo” ao papel higiênico, tivesse o mínimo de respeito e consideração pelos mukongos e outros grupos etnolinguísticos do nosso mosaico territorial, a esta hora, num País normal e sério, já deveria ter vindo a público dar as explicações que se impõem, pedir as desculpas cabíveis e competentes.

Ainda não se lhe conhece o nome. Mas Matadi Daniel defende a responsabilização criminal da firma que, abusiva e desonradamente, atribuiu o vocábulo “Kikongo” como marca de um papel higiênico.


É meu juízo (a cabeça e a sentença popular também) que as autoridades governamentais deveriam fazer alguma coisa. Mas, como sabemos, não vão mover palha.


A inação das autoridades em relação a este caso confirma que o projecto político glosado por Agostinho Neto, o de transformar Angola “numa só Nação”, visando a unidade nacional e a manutenção da integridade territorial, não passou de um rascunho que, quase meio século depois, ainda não foi conseguido transformar em arte final.

Jorge Eurico 

Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação 

Postar um comentário

0 Comentários