Tem dias em que me pergunto se o nosso governo é mesmo constituído por angolanos ou se o é por portugueses. Hoje é um deles.
Isto por conta da escandalosa prioridade que a rádio nacional, através do seu canal desportivo, concede aos assuntos portugueses, em detrimento dos nossos.
Vejamos: o Sagrada Esperança esteve a jogar em Alexandria, diante do Zamalek do Egipto, com quem perdeu por uma bola sem resposta, para a Taça CAF, mas a rádio nacional não se preocupou em transmitir o desafio, que seria do interesse de boa parte dos angolanos. O Petro de Luanda enfrenta às 20 o Esperance de Tunis, para a liga dos campeões, mas já se sabe que também não beneficiará da cobertura que se impunha da parte da estação pública.
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Mas, para meu espanto, a nossa «rádio de soberania», como vinha anunciando despudoradamente, vai transmitir em directo dois jogos a feijões seguidos da primeira liga portuguesa, em conexão com a «Antena 1». Estou a falar do Vitória de Guimarães vs Sporting de Portugal, que já começou às 19, e do FC Porto vs Casa Pia, logo a seguir. Para tal, a rádio 5 alterou a sua programação, a ponto de sequer vir a transmitir o seu «desportivo» em cadeia nacional às 20 e 30, tampouco o jornal central da noite, meia hora antes.
Sinceramente, não consigo perceber o que estará por detrás de tanta caxicagem em relação à antiga potência colonizadora, que torna risível a nossa independência. O engraçado é que nem no tempo em que Angola era província ultramarina acontecia coisa igual. Num país sério e não em «construção democrática», decerto que a assembleia nacional já teria cobrado ao executivo uma explicação sobre esta vergonhosa subserviência. É muito complexo de colonizado demais para o meu manequim, carago!
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