O diretor do Novo Jornal, semanário angolano, considerou hoje "repugnante" a invasão das instalações do órgão, na sexta-feira (22.12), por alegadas ordens judiciais e denunciou a tentativa de "asfixia" da publicação.
O diretor do Novo Jornal (NJ), Armindo Laureano, disse esta quarta-feira (27.12): "Foi repugnante o que tivemos. Eram 40 indivíduos mandatados por outra parte, do senhor Álvaro Sobrinho, a intimidarem jornalistas, impedi-los de exercer livremente o seu ofício".
Para o jornalista angolano, a invasão da redação de um órgão de comunicação social, como aconteceu com o NJ, "é algo que deve merecer todo (...) repúdio, de todas as instituições e sociedade".
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"Não se pode atacar de forma tão vil e irresponsável e tão absurda o jornalismo e os jornalistas", afirmou.
Pelo menos 40 indivíduos, que Armindo Laureano afirma terem atuado a mando do empresário luso-angolano e antigo presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA), terão invadido as instalações do NJ, na última sexta-feira (22.12), para alegado cumprimento de uma ordem judicial.
Álvaro Sobrinho e Emanuel Madaleno, a quem se atribui a propriedade do , que detém o jornal económico Expansão e o generalista Novo Jornal, estão em litígio judicial e uma sentença do Tribunal Provincial de Luanda terá motivado a "invasão" das instalações daquela publicação privada.
O NJ "não vai claudicar e nem baixar a guarda"
Esta quarta-feira (27.12), Armindo Laureano disse que a referida ação se traduz igualmente num "ataque à credibilidade do NJ e do seu diretor, alvo todos os dias de pseudo-factos, que são apresentados como factos, mas que são mentiras de pseudo-jornalistas".
"Há os pseudo-jornalistas, que se apresentam como jornalistas, mas não o são, temos sites que vivem do negócio da desinformação e que são sustentados para espalhar o mal, para atacar o jornalismo, e isso só deve ser combatido com o bom jornalismo, afirmando o nosso trabalho", asseverou.
Laureano assegurou que a publicação que dirige "não vai claudicar e nem baixar a guarda" perante ataques consecutivos. Salientando que a publicação "tem 15 anos de história", com "trabalho feito", o diretor do NJ classificou este órgão como "um barómetro importante também para se aferir a própria democracia".
"Então, o que estamos a ver é isso, são ameaças ao jornalismo livre, plural e independente, mas a resignação não é e nunca será a nossa escolha", frisou.
Preocupação
Armindo Laureano prometeu que o NJ vai continuar a sua trajetória e que está atento "àqueles que se querem apropriar do órgão para o asfixiar" e "entregar a grupos de interesse".
"A sociedade está atenta e não vai permitir", afirmou, advertindo que o que aqueles não conseguiram pela justiça "querem fazê-lo pela força, pela desinformação, pela manipulação, pelo assassínio de caráter".
Contudo, "serão derrotados pelos factos, pela evidência e pela (...) determinação" dos profissionais, rematou o jornalista.
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) manifestou-se "preocupado" com o ambiente de trabalho a que estão sujeitos os jornalistas do Novo Jornal, na sequência do diferendo judicial sobre a titularidade do órgão.
Em nota de imprensa, o SJA salientou que a sua preocupação reside na "possibilidade deste ambiente inibir a liberdade dos jornalistas e a independência do jornal, o que seria, em última instância, um ataque ao jornalismo plural, sem o qual não se pode falar em liberdade de imprensa".
Lusa
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