A tortura no Seminário Católico

 


Provei por anos ininterruptos a crueldade monástica num seminário de adolescentes e jovens com sonhos nebulosos. Era uma ambivalência verdadeiramente agridoce, pois, por fora, o lugar parecia um paraíso na terra. Por dentro, entretanto, sim, faltava apenas entrar em jogatinas com o diabo vermelho; era o verdadeiro sheól.

Sempre que fóssemos passar férias nas nossas famílias, não havia vontade nenhuma de voltar quando o tempo chegasse. Os nossos parentes não tinham ideia do que acontecia lá dentro e, claro, não nos atrevíamos a dizer, sob pena de nos terem por alucinados. Mantínhamos o silêncio de cemitério, enquanto éramos dilacerados interiormente como um dente apodrecendo.


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Os sonhos e a fé na existência de um deus mantiveram-nos firmes, fortes e dispostos a vencer a batalha. Convencemos a nós mesmos de que os senhores das batinas também eram homens, eram humanos e, portanto, falhos como qualquer um. Era caricato, mas não tínhamos outra escolha.


Na primeira tentativa de abandono, a minha família pensou que eu me tivesse apaixonado por uma destas donzelas do bairro numa curta passagem por lá de vacância. Na segunda, concluíram que os meus amigos de infância me tivessem arrastado para a atmosfera do álcool. Não queriam saber das verdadeiras razões; não se importavam com a minha opinião nem com a minha experiência. Eles queriam um Padre; queriam alguém que pudesse eliminar o pecado da família e trazer bênçãos.


Não me arrependo de por lá ter passado. À semelhança de muitos amigos com a mesma experiência, pude ver que existem pessoas boas e ruins na Igreja assim como existem fora dela. Acima de tudo, somos seres humanos; seguimos a razão para muitos aspectos, o instinto para outros e a influência social para tantas coisas. A perda dos princípios divinos ajudou a pensar mais em mim, no meu futuro e nos meus desejos. Isso, certamente, ajudou a tomar a decisão de rasgar a literatura cristã, olhar para o firmamento e pedir perdão ao meu cérebro pela nova adaptação.


Não importa onde, quando e como, sempre dará certo, ainda que for na sepultura!

Damásio   Sangulungo Agostinho para o Lil Pasta News.

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