MAIS UM GENERAL?



Cheira à encomenda doméstica uma análise atribuída ao britânico Angel Thomashausen (*) segundo a qual o “Presidente João Lourenço não compreendeu a razão pela qual José Eduardo dos Santos o escolheu como seu sucessor” e por isso “não criou condições para que o país seja liderado por civis” depois da sua retirada do poder.

Pretensamente falando num programa de rádio emitido em Birmingham, Inglaterra, em data e com propósitos desconhecidos, Angel Thomashausen, que é referido como especialista em Relações Internacionais, com enfoque para África, responsabiliza, pessoalmente, o Presidente João Lourenço pelo “pior momento que Angola enfrenta” desde a conquista da paz, em 2002.

Segundo esse especialista, João Lourenço criou no país “um cenário volátil no qual um pequeno erro poderá resultar em um conflito armado com repercussões muito maiores do que no passado, já que, actualmente, o ódio também está associado à extrema pobreza".



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“Dominado pelo ódio”, o Presidente teria sacrificado o “MPLA e o povo em geral”, razão por que, diz o especialista, “posso afirmar que João Lourenço não criou condições para que o país seja liderado por civis”.

Não análise, não se percebe o nexo entre o “cenário volátil”, criado por João Lourenço, “no qual um pequeno erro poderá resultar em um conflito armado com repercussões muito maiores do que no passado” e a imprudência de o país ser dirigido por um civil.

Deliberadamente, ou não, em momento algum Thomashausen alude à condição de general de quatro estrelas do Presidente João Lourenço.

Mesmo parecendo que não, é sob a liderança de um general, que, segundo o próprio Thomashausen, Angola “enfrenta seu pior momento desde a conquista da paz”. É o mesmo general que, “dominado pelo ódio sacrificou o MPLA e o povo angolano em geral”.

A responsabilidade única “pelo estado incomum em que o MPLA se encontra” é inteiramente do general-presidente João Lourenço.

E é, ainda, sob a condução do general João Lourenço que Angola vive “um cenário volátil no qual um pequeno erro poderá resultar em um conflito armado com repercussões muito maiores do que no passado, já que, actualmente, o ódio também está associado à extrema pobreza".

O perfil de Thomashausen para o futuro “Messias” de Angola é que denuncia a encomenda.

 Segundo o analista britânico, “o próximo presidente será necessariamente um General, aceite pelos militares, com experiência de governo e respeitado internacionalmente, uma vez que um dos maiores desafios do país é atrair investimentos para impulsionar a economia”.

No actual contexto, não é muito difícil chegar ao general que reivindica para si tais requisitos. 

Thomashausen não explica como como é que um general, que, à luz da Constituição, é apartidário, poderia “restaurar a identidade original da organização (MPLA), que foi descaracterizada pelo Presidente Lourenço” ou “unificar um partido que claramente está fragmentado e promover uma verdadeira valorização de quadros”.

Em Angola e embora nenhum tenha posto a cabeça fora da água, são atribuídos a uns poucos generais sonhos bastante altos. 

Mas, mesmo esses poucos emergem e submergem, num exercício revelador de um misto de medo e de indecisão.

A primeira obrigação de um general que se propõe quebrar o “cenário volátil no qual um pequeno erro poderá resultar em um conflito armado com repercussões muito maiores do que no passado” é mostrar a cara.

Sem que se lhe conheça a face, a “certeza” de Angel Thomashausen de que “o próximo presidente será necessariamente um General” estruma, apenas, a especulações e a suspeição. 

A pouco menos de três anos para a passagem, obrigatória, do testemunho, a sucessão de João Lourenço não pode ser um tabu. 

Embora sejam partidos “siameses”, o MPLA não pode replicar, em Angola, o exemplo do seu “gêmeo” do Índico, a Frelimo, que, a seis meses das próximas eleições presidenciais, ainda não escolheu o seu candidato.

Em Moçambique, Jacinto Nyusi trata a sucessão presidencial como assunto privativo.

 Angola não pode seguir-lhe o exemplo.  

Contrariamente a Moçambique, em Angola, e por culpa própria, o Presidente João Lourenço não poderá condicionar o nosso futuro. 

Nos raros momentos em que a análise de Angel Thomashausen acerta na mouche é quando afirma que João Lourenço já não fará parte da solução, porque “falhou e perdeu a legitimidade para conduzir o processo” da sua sucessão. 

Angola não tem motivos para sentir orgulho da obra dos seus dois generais-presidentes.

José Eduardo dos Santos não era apenas Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas por inerência da função de Presidente da República. Era, também, general de quatro estrelas. O mesmo que sucede com João Lourenço.

Ambos deram “brilhantes” inputs ao regime autoritário que Agostinho Neto implantou no país.

No Chile, Augusto Pinochet combinou uma ditadura sanguinária com o desenvolvimento económico e social do país.

O regime autoritário angolano distingue-se pela sua extrema incompetência. 

Não é por acaso que alguns politólogos se lhe referem como “regime autoritário incompetente” ou como uma “matumbocracia”.


(*) No Google, o “especialista” Angel Thomashausen aparece apenas nos sites e portais angolanos que fizeram eco da sua análise.

O Thomashausen que aparece profusamente em todos os motores de busca é um sul-africano, de 36 anos, Professor de Direito Internacional e Comparado, consultor em direito comercial internacional e especialista em direito internacional privado e estrangeiro, entre outras valências académicas e profissionais. O seu primeiro nome é Andre. 

O “Angel” é, com certeza, um fantasma criado propositadamente para associar à encomenda o prestigiado nome de Andre Thomashausen.

É o que internamente fazem com a criação de perfis a que dão nomes como Graça Santos. Percebe-se o propósito.

Graça Campos/Correio Angolense

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