Na entrevista ao jornal “Público” de 9 de abril de 1992, Jonas Savimbi, líder da UNITA, expressou uma visão que ainda ressoa com muitos angolanos: a necessidade de resgatar a dignidade e a responsabilidade do povo, numa sociedade marcada por décadas de corrupção e autoritarismo.
Savimbi, ao se distanciar do governo e dos seus aliados, enfatizou um desejo profundo de ver um Angola próspero, onde os cidadãos não fossem reduzidos a "candongueiros" — uma referência pungente à economia informal e ao submundo de corrupção que permeava (e, de certa forma, ainda permeia) o país. Suas palavras, embora pertencentes ao passado, lançam uma luz sobre a realidade que o MPLA, partido no poder desde 1975, parece ter ignorado sistematicamente.
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O MPLA, que assumiu o comando de Angola após a independência, prometeu um futuro de igualdade e desenvolvimento. Contudo, a realidade mostrou-se muito diferente. Em vez de uma nação unida e próspera, o país foi arrastado para décadas de guerra civil, alimentada em grande parte pela recusa do MPLA em abrir mão de seu poder e em promover uma verdadeira democracia. E, com o passar dos anos, o partido, ao invés de corrigir o rumo, mergulhou mais profundamente em práticas corruptas, distanciando-se cada vez mais das aspirações do povo.
Savimbi, ao afirmar que tudo "mente, tudo rouba, nada está bem", não estava apenas criticando um governo, mas sim um sistema. Um sistema que, apesar de mudanças de lideranças e promessas de reformas, continua a perpetuar as desigualdades e a má gestão. Sua visão de um Angola onde a dignidade e a responsabilidade sejam valores centrais é uma crítica contundente ao status quo mantido pelo MPLA, que, ao longo dos anos, transformou o poder em um fim em si mesmo, afastando-se das necessidades e esperanças da população.
Ao olharmos para trás, as palavras de Savimbi ainda ecoam em muitos cantos de Angola, especialmente à medida que o país continua a enfrentar desafios econômicos e sociais. A longevidade do MPLA no poder, sem dúvida, levanta questões sobre a autenticidade de sua liderança e o futuro da democracia em Angola. O que Savimbi propôs não era apenas uma mudança de governo, mas uma mudança de mentalidade, uma revolução moral que, infelizmente, ainda parece estar fora do alcance de muitos que estão no poder.
Por: Hitler Samussuku
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