O Alto Custo da Diplomacia Errática- Sousa Jamba



Há anos, fui instruído em Economia por um canadiano sério chamado Dr. Robert Peck. O seu tema recorrente era a interligação da economia global. Já no final dos anos oitenta, a produção automóvel dependia de diversas regiões do globo, prenunciando um mundo incapaz de enfrentar o protecionismo. As atuais batalhas tarifárias entre os Estados Unidos e o Canadá corroboram, de forma contundente, a sua tese.


Guerras comerciais são fáceis de vencer, afirmou outrora o Presidente Trump. Contudo, o recente confronto entre os Estados Unidos e o Canadá demonstra o contrário. Tarifas anunciadas, revistas e subsequentemente duplicadas deixaram as empresas em desordem, os mercados em queda e milhões de dólares evaporados. Este padrão errático de mudanças políticas — uma diplomacia errática — semeia o caos em ambas as margens da fronteira.



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A saga teve início quando o Premier de Ontário, Doug Ford, impôs uma tarifa de 25% sobre as exportações de eletricidade para Nova Iorque, Michigan e Minnesota, em represália às medidas comerciais americanas. Trump retaliou, anunciando um aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio canadianos, de 25% para 50%. Todavia, após uma conversa com Ford, Trump sugeriu que poderia moderar o incremento, enquanto Ford deixou entrever a possibilidade de abolir por completo a tarifa sobre a eletricidade. Estas reviravoltas, ocorridas em poucas horas, deixaram proprietários de fábricas e investidores numa incerteza paralisante.


Tal hesitação não constitui novidade. Durante o mandato anterior de Trump, tarifas impostas ao Canadá e ao México foram adiadas, isenções concedidas, apenas para ressurgirem sob novas ameaças — como as tarifas recíprocas sobre laticínios canadianos recentemente propostas. Declarações audaciosas sucedidas por mudanças abruptas, cada alteração impactando as economias com escasso aviso prévio. As empresas veem-se impossibilitadas de planear, os mercados não encontram estabilidade e a incerteza reina.


O impacto económico é manifesto. O índice Dow Jones Industrial Average desceu mais de 500 pontos quando a disputa tarifária veio a público, dissipando milhares de milhões em valor de mercado. As indústrias do aço e do alumínio, que dependem sobremaneira das importações canadianas — o Canadá supre mais de 60% das necessidades americanas de alumínio —, enfrentam custos acrescidos e cadeias de abastecimento desarticuladas. Fábricas de montagem correm o risco de encerrar por falta de materiais constantes, ameaçando empregos do Texas a Ontário. Os consumidores suportarão preços mais elevados em automóveis, eletrodomésticos e bens enlatados, à medida que os fabricantes transferem os custos.


Os mercados oscilaram desmesuradamente, caindo 700 pontos num instante e quase recuperando no seguinte, para afinal encerrarem em baixa. Os investidores debatem-se por encontrar um fundamento sólido em meio às alterações políticas. Americanos que consultam os seus planos 401(k) assistem ao desaparecimento de milhares, enquanto famílias canadianas se preparam para adversidades numa economia dependente das exportações. Economistas advertem que uma recessão poderá ser o desfecho — um preço exorbitante por um conflito evitável.


Para além da esfera económica, esta abordagem errática compromete uma parceria essencial. A liderança canadiana atravessa uma transição — Mark Carney, recém-eleito mas ainda não empossado, herda um dilema, enquanto o governo cessante de Justin Trudeau procura reagir. A iniciativa provincial de Ford agrava a situação, intensificando as escaladas de Trump. As declarações de Trump, que aludem ao Canadá como o 51.º estado e afirmam que este paga “muito pouco” pela segurança, exacerbam as tensões. Os canadianos mobilizam-se contra tal retórica, mas, sem uma resposta firme, permanecem vulneráveis.


Trump encara as tarifas como um imposto sobre nações estrangeiras, um instrumento para extrair concessões. Economistas refutam: são os consumidores e as empresas americanas que arcam com o custo. A retaliação do Canadá, embora politicamente inevitável, amplia os prejuízos sem solucionar o diferendo. Ambos os lados encontram-se num impasse, onde cada movimento errático acarreta custos superiores ao anterior.


A resolução exige o fim desta postura volátil. Trump reúne-se com altos executivos empresariais — outrora apoiantes, agora descontentes com a instabilidade. Estes reclamarão um plano claro, rejeitando mais turbulência. Ele deveria atender. Os mercados anseiam por certeza; as economias florescem na confiança. Canadá e Estados Unidos, os maiores parceiros comerciais um do outro, não podem sustentar um litígio prolongado.


São imperativas negociações sérias. As tarifas deveriam ser o derradeiro recurso. Ambas as partes devem reconhecer a sua interdependência — o Canadá abastece de energia 1,5 milhões de lares americanos; os Estados Unidos são vitais para as exportações canadianas. A cooperação, e não o confronto, gera prosperidade.


Num mundo onde a estabilidade é fundamental, a diplomacia errática revela-se excessivamente dispendiosa. O Dr. Peck, sem dúvida, concordaria.


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