Seguradoras Manipulam Números para Subir no Ranking



Esse baixo crescimento do sector de seguros tem a ver com dois factores extremamente importantes. O primeiro tem a ver com a questão da literacia, ou seja, para nós vendermos qualquer produto que serve, temos de perceber e entender como é que aquele produto funciona e quais são as vantagens e desvantagens deste produto. Ou seja, temos uma baixa literacia em matérias de seguro. Temos de crescer nessa perspectiva.

O regulador e nós, players do mercado, temos desenvolvido várias acções na perspectiva do crescimento da literacia. Por outro lado, o nosso mercado é virgem. Os players que estão inseridos no mercado de seguro ainda olham para a questão do seguro como um custo. Devemos olhar para o seguro como um investimento, uma protecção, uma salvaguarda.

E isso depois termina com a questão da literacia, ou seja, são dois elementos que estão interligados. A partir do momento em que crescemos a nossa literacia sobre seguros, vamos olhar que, de facto, o seguro não é um custo, mas sim um investimento que fizemos porque protegemos o nosso bem, protegemos a nossa vida, protegemos o nosso património. Que, na eventualidade de existir algum sinistro, vamos ter a seguradora ou esse seguro que fizemos a salvaguardar, a substituir aquilo que eventualmente perdemos. Há esses dois elementos que vão contribuindo para a baixa penetração dos seguros e no PIB.



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Melhor percepção do mercado de seguros

Pelo caminho que estamos a fazer, nós seguradores e o regulador, dentro de uns cinco a seis anos, vamos ter uma maior penetração naquilo que são as contas do Estado e uma percepção melhor do mercado de seguros. Só para ter noção, hoje, quando entramos para o mercado para ir vender seguro, temos dois desafios. E, supostamente, só tínhamos de ter um único desafio, que passaria por provar que o meu serviço é melhor do que a seguradora Y. Antes de nós entrarmos para a questão da venda, temos de entrar na questão da instrução, da pedagogia, da informação.

Ou seja, tenho que primeiro ensinar o que é seguro, para perceber que há necessidade de, então, fazer um seguro. Depois é que entra a outra luta, que é a luta da venda, em que há duas ou três propostas e temos de provar que, de facto, a nossa proposta é a melhor. Então, há aqui um caminho que temos de fazer e, olhando um bocadinho para outras geografias, eles fizeram um caminho, cresceram. Também temos de fazer o nosso caminho.

Tendo em conta os riscos adjacentes à nossa própria economia, à vida, e o exemplo que tivemos há bem pouco tempo da covid-19, tudo isso mostra que não estamos assim tão seguros como parece. E a covid-19 veio mostrar que, pese embora existam eventualidades agora, há que olhar para as novas profissões, para os novos riscos, inclusive em que a própria indústria seguradora tem de estudar. A covid veio destapar uma coisa que, eventualmente, estaríamos a pensar daqui a 10 ou 20 anos. O mercado hoje exige que façamos efectivamente um estudo antes de lançarmos qualquer tipo de produto, porque nos vai permitir ajustar os produtos de seguro às necessidades dos clientes.

Seguro é só para a elite!?

Se fizermos um estudo, olhar para a questão das pessoas que têm efectivamente acesso aos seguros, vamos verificar que é sempre uma camada da elite. E o que é que nós vamos transmitir? Vamos transmitir às pessoas de que seguro é para a elite.

O que é uma narrativa falsa. O seguro não é efectivamente só para a elite. Tudo bem que a elite é aquela classe que está mais sujeita ao risco, têm mais propensão no investimento, quer salvar alguma coisa, mas, se estamos a olhar para a questão da penetração e da confiança, temos de olhar para todo o segmento. Isso é possível se se ajustar o produto à capacidade financeira de cada um.

Todas Seguradoras lutam pelo mesmo negócio

Este elemento também contribui para a fraca penetração dos seguros em Angola. Temos uma elite e todas as seguradoras licenciadas lutam pelo mesmo negócio. Ou seja, em tese não há negócios. São os mesmos todos os anos.

O que se faz é que este ano a empresa Y vai sair dessa seguradora, vai vir para a Super. O próximo ano, esta empresa Y vai sair da Super, vai para uma outra companhia. E estamos a esquecer-nos de olhar para o tecido todo que temos disponível, de forma a montarmos produtos para atender essas pessoas. Temos de nos reinventar, olhar para esse nicho em que muitas das seguradoras não estão ainda a olhar, não têm ainda a capacidade e o tempo necessário para olhar para esse nicho, que é muito grande.

Falta de transparência

Temos a questão da não transparência das contas das próprias companhias. Pelo que vamos acompanhar um bocadinho no momento das prestações de contas, também temos de ser um bocadinho sérios quando olhamos para o mercado. Alguma coisa estranha aí não está bem explicada. Vão ter o cuidado de olhar para os prémios brutos das seguradoras no exercício económico de 2024 e depois olhem para o mercado na realidade.

Há companhias que maquiam os números apresentados para ficarem bem posicionadas no ranking, e isso também é um trabalho que o regulador tem de olhar. O regulador também tem de se especializar, tem de perceber quais são as tendências do mercado, para que haja efectivamente essa transparência, quer do ponto de vista dos números, quer do ponto de vista do procedimento e processos, quer do ponto de vista da cotação das propostas dos prémios que são cobrados a nível do nosso mercado, porque senão perdemos a viagem. VE


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