Há dias, trouxe à liça um assunto que se assemelha a uma nota desafinada num concerto político já por si desafinado: O facto de o Secretariado Permanente da UNITA ter proposto a condecoração do pai do Presidente do MPLA e da República, no quadro das comemorações do jubileu da emancipação política angolana. A UNITA adoptou o pai alheio e quer vê-lo condecorado. Horácio Junjuvile, antigo dirigente da UNITA, enviou-me uma nota de esclarecimento que, com a sua aquiescência, aqui partilho com quem me acompanha. Ei-la:
“Bom dia, meu caro Jorge Eurico. Lido o seu comentário, venho informá-lo de que o pai de JLO fez parte, no final dos anos 50 e início dos 60, de um grupo pró-independência no Lobito, alinhado com a UPA.
Os outros integrantes, na sua maioria já falecidos, vieram a aderir à UNITA. Foi em consequência disso que ele (o velho Sequeira Lourenço) foi desterrado para o Bié e acabou por ir parar ao Hospital da Chissamba, um centro irrefutável de apoio à guerrilha da UNITA contra os portugueses desde 1966. Os seus companheiros foram parar às cadeias e outros fugiram para o Katanga, pelo CFB, tendo mais tarde integrado a UNITA.
Daí o nome do pai de João Lourenço entre os nomes dos seus companheiros da luta clandestina, na lista avançada pela UNITA. O general Manuvakola e outros benguelenses conhecem estes relatos da luta e sabem os nomes dos que foram mortos e presos na fase pré-partidos, no Lobito, Balombo e Bocoio (1958–1961).
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Apesar de não existir registo formal da inserção na UNITA do senhor Sequeira Lourenço, a direcção actual da UNITA, ciente de que muitos nacionalistas — independentemente de terem sido ou não da UNITA — foram excluídos da lista dos que efectivamente lutaram, esboçou este exercício de inclusão histórica que, a meu ver, enriquece a verdadeira história da luta pela independência.
Uma história que, por exemplo, tarda em reconhecer os actos de patriotismo e bravura protagonizados por milhares de angolanos, até hoje votados ao anonimato, apesar de terem sido combatentes fulcrais nas revoltas ocorridas em várias províncias de Angola e que a História não regista.
Um abraço,
H. Junjuvile”
Das duas, uma: Ou Horácio Junjuvile é um advogado-emérito de causas alheias ou está a revelar algo que até então era desconhecido aos militantes do MPLA e aos cidadãos angolanos de uma forma geral: O facto de o pai do presidente João Lourenço ter sido um fervoroso apoiante da guerrilha da UNITA em 1966, no Hospital da Chissamba, Bié. Um herói do lado oposto do partido hoje dirigido pelo seu herdeiro.
Está esclarecida a razão da iniciativa do secretariado permanente da UNITA.
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