De Ntoni-a-Nzinga à Vladimir Agostinho. Da Voz Profética ao Instrumento da Propaganda - Que futuro para o CICA?

Em tempos de guerra, quando as armas falavam mais alto do que a razão, o Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA) e a Comissão Inter-Eclesial para a Paz em Angola (COIEPA) ergueram-se como pilares morais da nação. Foram instituições que se recusaram a dobrar o joelho ao poder político, defendendo a paz, a dignidade humana e a reconciliação autêntica.

Grandes nomes marcaram aquela época gloriosa: o pastor Ntony a Zinga (IECA), uma voz poderosa pela reconciliação; Dom Zacarias Kamwenho (Igreja Católica), laureado internacionalmente pela sua coragem em tempos de tensão; o reverendo Sebastião Armando (Igreja Metodista Unida), o reverendo Augusto Chipesse (Igreja Evangélica Congregacional em Angola), o reverendo Filipe Chipindi (IERA), Dom André Muaca (Igreja Católica) e o reverendo Manuel Francisco (Igreja Baptista). Homens que compreenderam que a verdadeira missão cristã é servir o povo e não o poder.


Esses líderes não apenas rezavam pela paz — eles agiam, mediavam conflitos, pressionavam os actores armados e colocavam suas vidas em risco para salvar a nação de um colapso total. Foram eles que pavimentaram o difícil caminho que levou à assinatura dos acordos de paz de 2002.


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E hoje? Que vergonha é esta em que o CICA se afundou?

O CICA actual é uma sombra do que foi. Longe de ser mediador, tornou-se um actor político submisso. Em vez de confrontar a injustiça, organiza marchas de apoio orientadas pelo partido governante. Em vez de defender a dignidade do povo que sofre com a pobreza, o desemprego e a exclusão, bate palmas para projectos partidários que ignoram a verdadeira miséria social.

Enquanto as famílias angolanas choram pela falta de pão e de justiça, o CICA canta loas a uma paz que beneficia apenas as elites. Em vez de ser profeta, virou bajulador.

O contraste com o passado é avassalador. Onde antes havia coragem, hoje reina o oportunismo. Onde havia espírito de sacrifício, agora impera o medo de perder favores.

O CICA esqueceu a sua história. E, se continuar assim, assinará a sua própria certidão de óbito.

A morte do CICA será lenta, mas inevitável, se a instituição persistir no caminho da subserviência. E essa morte será moral antes de ser institucional. Porque uma igreja que esquece seu dever profético, que vende sua voz por migalhas de poder, deixa de ser igreja para se tornar apenas mais uma organização vazia.

A história é implacável com os traidores da sua missão. Se o CICA quiser sobreviver, precisa urgentemente de lembrar quem foram seus verdadeiros heróis. Precisa resgatar o espírito dos bispos, reverendos e pastores que, mesmo em meio às balas, escolheram a coragem.

Ainda há tempo para arrependimento. Mas a janela está a fechar-se rapidamente.

Se nada mudar, restará apenas escrever no epitáfio:

"Aqui jaz o Conselho de Igrejas Cristãs em Angola, que trocou a cruz pela bandeira de um partido."


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