GOVERNADORES DO ASFALTO- José Luís Mendonça



Há 22 anos cunhou-se uma frase que ficaria na História de Angola, dada a sua repetição até à exaustão: “reposição da Administração do Estado”. Essa directiva não foi, porém, nunca aplicada na Luanda do areal (o musseque). Até hoje, as populações do Rocha Pinto, do Cassenda, do Avô Kumbi, da Terra Vermelha, do Palanca, do Golfe II, do Rangel, do Cazenga, do Hoji ya Henda, do Cacuaco, de Viana, enfim, dos diversos bairros periféricos sem asfalto, não conhecem a “tala” Administração do Estado. A grande maioria dos governadores de Luanda, senão mesmo todos eles, foram e são governadores do asfalto.

Em Luanda, há uma constante arrumação da cidade nobre. É mais uma estátua aqui, é mais um edifício acabado, é mais um troço de asfalto remendado onde a via está ainda em condições. Em 2023, o troço do Bairro Patriota foi exaustivamente remendado em pequenos rectângulos, um bocado aqui, outro bocado acolá, até que, no fim – porventura havia dinheiro para deitar fora – lá se inventou remendos e mais remendos numa estrada em boas condições. Ninguém se pronunciou. Nem o governo de Luanda, nem a Assembleia Nacional, nem IGAE, nem o Tribunal de Contas.


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Em 2024, a mesma via do Patriota foi intervencionada para introduzirem os tão abençoados tubos de água. O novíssimo asfalto foi novamente picado e estripado. Sem o necessário placard com a referência ao objecto da intervenção, dono da obra, custos e prazo e execução. Foi eficiente, pela rapidez. Mas, onde está a fiscalização da obra? A aplicação do novo asfalto peca por falta de alinhamento à superfície com o antigo asfalto. Nota-se na condução. 

No ano de 2023, inventou-se obra de refazer a divisória metálica que separa as duas faixas da Via Expressa, substituindo-a por outra divisória de betão armado. Trabalhou-se ali que nem uns camelos sem bossa durante mais de um ano. Não vimos o painel informativo da obra, o seu custo nem a sua temporalidade. A alínea h) do artigo 70 da lei 80/06 de 30 de Outubro indica que a não afixação ou afixação não visível, da notificação da autorização da obra e do alvará, constitui uma transgressão. Depois as obras pararam a meio do caminho. Ninguém diz nada. Nem o governo de Luanda, nem a Assembleia Nacional, nem IGAE, nem o Tribunal de Contas.

Luanda não é fácil de governar! Luanda não tem capacidade para albergar um terço da população angolana com as infra-estruturas existentes. O Chefe do Executivo pode nomear mil Luís Manuel da Fonseca Nunes que estes jamais resolverão o grande problema – para além de outros, como o saneamento básico, a falta de água potável, a falta de luz e de transportes – da cidade capital: a falta de emprego para as mulheres, por forma a saírem da zunga. E este problema não tem solução na Luanda de hoje. Tinha, na Luanda de 1974, com poucos habitantes. 

Mesmo sabendo que Luís Nunes não vai resolver o imbróglio que resultou da sucessiva má gestão partidarizada de Luanda durante 50 anos, sugerimos que se imite o trabalho de terraplanagem que o colono fazia nos bairros periféricos. Com recurso às máquinas moto niveladoras. Luanda tem 16 municípios. Cada máquina destas da melhor marca custa cerca de 160 mil dólares. Se cada município receber uma destas máquinas, o Estado gastará 2 milhões e meio de dólares. Como há municípios extensos e com mais vias terciárias que outros, poder-se-ia importar o dobro, isto é, 32 máquinas, num total de 5 milhões de dólares, o preço de uma missão de serviço de membros do Executivo ao exterior!

Sem essas máquinas, o nóvel governador de Luanda ficará na história como mais um governador do asfalto.


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