O Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília recebeu nesta semana o activista angolano Hitler Samussuku para uma palestra sobre as dinâmicas políticas na África Austral. Com o tema "Solidariedade Autoritária na África Austral: os casos de Angola e Moçambique", Hitler Samussuku apresentou uma análise detalhada sobre como governos autoritários da região estabelecem redes de apoio mútuo para manter o poder e suprimir a oposição.
O conceito de "solidariedade autoritária", conforme explicado pelo palestrante, refere-se às práticas de cooperação estratégica entre regimes da região para reforçar seu controle político, limitar espaços democráticos e resistir a pressões internas e externas por reformas. Hitler Samussuku destacou como essa dinâmica representa uma distorção dos ideais de libertação que marcaram a história da África Austral, transformando antigas alianças revolucionárias em mecanismos de perpetuação no poder.
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Entre os exemplos citados, o activista mencionou o papel da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) como espaço de proteção mútua para governos autoritários. "Quando ocorrem eleições fraudulentas no Zimbabwe , em Moçambique ou repressão violenta a protestos em Angola, a resposta regional é quase sempre de silêncio ou justificativas genéricas sobre estabilidade", afirmou. Hitler Samussuku também chamou atenção para o intercâmbio de técnicas repressivas entre países, incluindo o compartilhamento de tecnologias de vigilância e a adoção de leis restritivas semelhantes contra a sociedade civil.
Por outro lado, o palestrante ressaltou que as forças democráticas também constroem suas próprias redes de resistência. Citou como exemplos as alianças históricas entre movimentos de oposição na região, como a relação entre a UNITA em Angola e a RENAMO / MDM em Moçambique, além das recentes demonstrações de solidariedade entre líderes opositores como Adalberto Costa Júnior e Venâncio Mondlane durante os processos eleitorais.
Hitler Samussuku encerrou sua exposição com uma reflexão sobre o paradoxo da libertação na África Austral: "Os mesmos mecanismos regionais que poderiam promover a integração democrática são usados para proteger as autocracias. Mas a história mostra que nenhum regime autoritário é eterno - as alianças entre povos e ativistas podem, com o tempo, refazer o caminho da liberdade que um dia inspirou a região". A palestra integra uma série de debates promovidos pelo Instituto de Relações Internacionais da UnB sobre autoritarismo contemporâneo, com próxima sessão programada para discutir o caso do Sahel.
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