MOTO-TÁXI: UMA ACTIVIDADE LUCRATIVA, MAS QUE COMPORTA MUITOS RISCOS- Ilídio Manuel



À entrada das pedonais, à sombra das árvores, à porta dos mercados ou em locais de concentração de pessoas, eles oferecem-se para transportar os clientes sobre os seus veículos de duas rodas. 


O serviço de moto-táxi é, sem dúvidas, uma das actividades que mais absorve a mão-de-obra juvenil no mercado informal, e que diariamente movimenta milhões de kwanzas. 


São milhares e milhares de moto-taxistas que, com os seus veículos sobre duas ou três rodas, rasgam as avenidas, estradas, ruas, ruelas e becos das distintas cidades e vilas do país, atingindo locais onde os carros, por vezes, não chegam.


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No começo da actividade, ficaram conhecidos por kupapatas que, em língua nacional umbundo, significa “andar às apalpadelas”, ou seja, andar em espaços estreitos e de difícil acesso para os demais meios rolantes.


Hoje, esta actividade, antes restrita aos grandes centros urbanos, está presente em quase ou mesmo em todos os municípios e comunas do país.


O serviço do moto-táxi é responsável pelo abandono de milhares de jovens do meio rural que um dia partiram em busca de melhores condições de via em centros urbanos, sobretudo em cidades como as de Luanda, Benguela, Huambo, Huíla. 


Apesar da enorme propaganda governamental em torno de um suposto sucesso do PIIM e Kwenda, o facto é que estes dois programas de cariz social não têm sido capazes de estancar o êxodo rural para os centros urbanos. 


Quem visitar as principais unidades de saúde do país tomará contacto com uma triste realidade: muitos leitos hospitalares estão ocupados por motociclistas que estiveram envolvidos em acidentes de viação.


Os que sobreviveram aos acidentes, sobretudo das colisões entre motorizadas e viaturas acabaram, invariavelmente, internados em dos hospitais onde foram submetidos às intervenções cirúrgicas ou aguardam para serem operados.


“A maior parte deles são encaminhados para a secção de ortopedia devido à factura dos membros inferiores”, diz um profissional da saúde ligado ao Hospital Geral de Luanda (HGL), que pede para não ser identificado. 


Atraído por familiares e amigos, Pedro Ngando, 25 anos, deixou, há quatro anos, a província da Huíla, mais concretamente, o município da Matala, e aportou em Luanda, “para melhorar a vida”, confessa. 


Não dispõe de um meio transporte próprio, mas trabalha para o “dono do meio”- referência ao proprietário da motorizada- a quem semanalmente entrega a quantia de 15 mil Kz, e tem direito a um dia na semana, cujas receitas revertem a seu favor.


Segundo ele, as despesas, em caso da avaria, correm à conta do proprietário do veículo sobre as duas rodas.


Pedro, que vive com a mulher e cinco filhos, num vasto quintal onde ergueu um “bate-chapa”, no bairro do Chinguar, município de Talatona, diz que a vida no campo “já não dava para aguentar”, e que agora consegue economizar “algum dinheiro” que destina à compra de cabeças de gado bovino na sua terra natal.


Além de transportar clientes de forma acidental, ele tem clientela fixa, ou seja, leva diariamente três alunos aos colégios e os recolhe à saída das aulas. Os encarregados de educação pagam-lhe cerca de 20 mil/mês por cada discente que beneficia desse serviço “personificado”. 

  

Adverte que a actividade de moto-táxi comporta vários riscos, não só de acidentes na estrada, como também os “pentes” policiais e os assaltos à mão armada, com o objectivo de lhes roubarem as motorizadas.


Proveniente da província do Huambo, Bernardo Chissole, 35 anos, diz que já foi alvo de um assalto à mão armada, tendo-lhe sido roubada à sua motorizada “quase novinha em folha”, recorda, com alguma tristeza.


Diz que não opôs nenhuma resistência quando, há 8 meses, se deu o assalto, porque os quatro militantes que se faziam transportar em duas motorizadas, “pareciam prontos para atirar a matar”. “Perdi o meio, mas fiquei com a vida”, afirma, visivelmente vitorioso e conformado com o assalto que lhe podia ter custado a vida.


À semelhança de Pedro Ngando, Bernardo queixa-se também dos abusos policiais, dos agentes que, volta e meia, lhes apreendem os meios para extorquir dinheiro. “Pagamos cinco mil kz para nos devolverem as nossas motorizadas”, explica. 


“As motorizadas mais novas ou que apresentam melhor aspecto são as que atraem os assaltantes”, revela Pedro, que se viu obrigado a descaracterizar a sua motorizada para despistar a cobiça alheia. “Para nossa segurança, e de forma a evitarmos assaltos, temos que retirar os piscas, os espelhos retrovisores e outros acessórios para que as motos não brilhem”.   


Segundo o entrevistado do MUDEI, a maior parte dos assaltos tem ocorrido depois das 19 horas, sendo os mesmos praticados por indivíduos que, normalmente, conhecem as vítimas e o meio onde actuam.   


Alguns clientes reconhecem a utilidade dos serviços prestados pelos kupapatas, dizem que as administrações municipais deveriam prestar mais atenção a essa actividade, fazendo a terraplanagem das vias. 


De facto, os buracos nas vias e os amontados de areia têm sido alguns dos principais obstáculos à actividade dos motoqueiros que patinam e dançam ao sabor das areias nas estradas de terra batida ou molham-se à passagem nas vias alagadas pelas chuvas.


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