Numa era em que a moda frequentemente se precipita num espectáculo saturado de logótipos, Álvaro Simões apresenta-se como um contraponto refrescante: veste-se para exprimir, não para impressionar. Esta distinção não é meramente filosófica — manifesta-se, de forma palpável, nas suas escolhas estilísticas deliberadas.
Simões enverga um blusão de couro azul-marinho, talhado com precisão e confiança. O material capta a luz de maneira subtil, atraindo o olhar sem o exigir. Longe de ser um símbolo de estatuto, é uma declaração de propósito — uma peça seleccionada pela sua substância, não pelo seu exibicionismo.
As suas calças axadrezadas criam um ritmo visual através de padrões calculados de linhas vermelhas e brancas sobre um fundo azul-marinho. Qual uma improvisação jazzística disciplinada, introduzem movimento que complementa a presença sólida do blusão. O padrão preserva a harmonia, evitando a monotonia — coordenado, mas audaz.
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O que eleva o estilo de Simões de meramente elegante a genuinamente expressivo são os detalhes meticulosamente pensados. As suas botas de camurça castanha, de linhas elegantes, ostentam atacadores vermelhos — um apontamento pequeno, porém decisivo, que encapsula toda a sua abordagem. Em vez de seguir tendências, Simões insere a sua própria cadência no diálogo da moda.
O seu conjunto comunica através da coerência, do carácter e da intencionalidade. Enquanto outros clamam por atenção com exibições espalhafatosas, Álvaro Simões entra numa sala como um verso de poesia — subtil, preciso, inesquecível.
Simões transforma o seu corpo num meio de expressão autêntica. A sua indumentária não é ornamento — é articulação. Ao fazê-lo, recorda-nos que o verdadeiro estilo deste grande modelo Angolano fala em voz baixa, mas carrega um significado profundo.
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