CARLOTA, A GUERRILHEIRA



Pouco se sabe sobre esta soldado do MPLA, estando a sua melhor descrição no livro do jornalista polaco Ryszard Kapuscinski Mais Um Dia de Vida – Angola 1975, onde o autor dedicou nove páginas para contar um dos episódios mais emotivos da sua experiência em Angola.


Sabe-se que nasceu em Roçadas, na província do Cunene, junto à fronteira com a Namíbia. Queria ser enfermeira mas enquanto havia guerra havia escolhido ser guerrilheira. Em 1974, fez o treino na floresta de Cabinda. Regressou ao centro de Angola e no Huambo, com apenas 20 anos, chefiou “um pequeno destacamento do MPLA que estava cercado por uma força da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) com cerca de mil soldados”. Carlota conseguiu furar o cerco e salvar os seus camaradas.


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O contacto do jornalista com Carlota aconteceu numa tarde de Outubro em 1975, num período confuso de guerra civil, com a chegada do apoio de exércitos estrangeiros, entre o êxodo português e a proclamação da independência. Enquanto tentava aproximar-se ao máximo da frente de combate para obter imagens, Kapuscinski e uma equipa de filmagens portuguesa conseguiram autorização para ir ao Balombo, na província de Benguela. A pequena vila era um dos pontos mais difíceis de conquistar por estar localizada na floresta, sendo, por isso, fácil para o inimigo aproximar-se à socapa.

Enquanto se preparavam para sair, aproveitando a hora de mais calor para escapar ao conflito, “Carlota apareceu com uma espingarda automática ao ombro”, escreve Kapuscinski.

“Ela era uma mulata com um encanto misterioso e, assim nos parecia, uma grande beleza" revela Kapuscinski antes de contar a história da emblemática foto de Carlota.

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Nas poucas horas que estiveram juntos, Carlota mostrou traços de uma personalidade forte. Ria e dizia piadas, mas não respondia aos cortejos dos homens que acompanhava na viagem. 


Nesses instantes, que o jornalista haveria de perceber depois terem sido os últimos da vida de Carlota, a guerrilheira mantinha-se alerta, atenta, não se deixando “enganar pela euforia da vitória que [varria] o destacamento”. O seu maior receio eram os franco-atiradores que podiam estar escondidos no mato, a preparar um ataque a qualquer momento. “Por isso, escolta-nos o tempo todo, com a sua espingarda automática pronta a disparar. Está concentrada e taciturna. Ouvimos as suas botas a baterem uma na outra enquanto caminha”, relata o autor.

O que surpreende na narrativa é a decisão repentina de Carlota. Ela deveria regressar à base de Benguela com a equipa mas num impulso desiste, desobedecendo às ordens do seu comandante Monti.

“Sentámo-nos como à vinda para cá: Carlota à frente, nós atrás. O motorista liga o motor e mete a primeira. E então – todos nos lembramos de que foi exactamente nesse momento – Carlota sai do carro e diz que vai ficar ali. ‘Carlota’, diz Alberto, ‘vem connosco para Lisboa’. Carlota ri, acena a despedir-se e dá sinal ao motorista para partir”, lembra o jornalista.


A lendária guerrilheira morreria depois. Tombou em combate a comandar as forças do Balombo, 


Carlota é uma das mulheres soldados que merecem ser lembradas na História de Angola


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