Na memória viva do futebol angolano, há momentos que não se apagam, como páginas douradas de um livro que se relê com orgulho. Em 2001, durante o CAN Sub-20 na Etiópia, vivi um desses instantes raros, quase místicos. Horas antes da meia-final contra os anfitriões etíopes, fui abordado pelo Professor Oliveira Gonçalves. Com a serenidade de quem carrega consigo fé e convicção, disse-me: “Luís Caetano, se ganharmos hoje à Etiópia, vamos vencer o CAN, seja com que adversário for.”
Era mais do que uma previsão. Era uma profecia alimentada pela preparação, entrega e espírito de um grupo unido. Angola passou pela Etiópia com coragem e chegou à final diante de um colosso: o Gana. Mas como havia dito o mestre, nada nos deteve. Mendonça e Lolo foram os arautos da glória, marcando os dois golos que nos coroaram campeões.
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Oliveira Gonçalves, com a sua famosa “Bíblia Sagrada” de anotações, era mais do que um treinador. Era símbolo de visão, de trabalho duro, e de uma fé inabalável nos seus rapazes. Aquele título foi a confirmação de que, quando há liderança séria e espírito colectivo, o impossível se torna realidade.
Luanda viveu um daqueles dias que não se esquecem, em que o tempo parou e o país respirou futebol. Durante a final do CAN Sub-20, as ruas ficaram vazias como se a cidade estivesse em oração. Não era medo, nem rotina, era esperança. Em cada sala, restaurante ou quintal, os olhos estavam cravados na tela da TPA, com uma narração empolgante e cheia de fé. Os “Palanquinhas” não eram apenas uma selecção jovem, eram o reflexo de um sonho antigo, uma vontade nacional de vencer.
E venceram. Venceram com alma, coragem e talento. O apito final foi como o disparo de uma garrafa de champanhe. Luanda explodiu de alegria, as ruas transformaram-se num mar de gente, bandeiras, tambores e gritos. Pela primeira vez, Angola saboreava um título continental no futebol. A conquista era dos miúdos, mas o orgulho era de todos.
E como se o momento não pudesse ser mais simbólico, no regresso ao país, tive o privilégio raro: viajei no cockpit de um Boeing 747-200 da TAAG, ao lado dos pilotos, com o olhar atento e sereno do comandante Prata. Lá do alto, enquanto cruzávamos as nuvens, percebi que não foi só o país que se elevou naquele dia. Angola voou. E nos céus também se ouviam aplausos.
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