Não é preciso ser especialista em segurança nacional ou gestão de conflitos para antever um cenário parecido ao de ontem. Para piorar, ao passar apenas a versão oficial da ANATA que anunciava o cancelamento da greve dos taxistas, a comunicação social fez um péssimo trabalho. Não mostrou as outras versões, ignorando o que toda as pessoas minimamente atentas viram nas redes sociais. Ou seja, preferiram tapar o sol com a peneira. Tranquilizaram milhares de pessoas que, incautas, fizeram-se à estrada desde as primeiras horas após o sol nascer.
Muitos cidadãos conseguiram sair de casa. Mais tarde, ficaram apreensivos porque a maioria não sabia como regressaria em segurança ao convívio dos seus. Muitos dormiram algures, em casa de familiares ou amigos. A paralização aconteceu. E agora? Algumas perguntas se impõem: quem não sabia que, a partir da altura em que a paralisação foi convocada, deixou de ser da responsabilidade exclusiva dos seus promotores?
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O povo angolano está nervoso! Cansado. A situação sócio económica do país se reflecte negativamente no bolso dos cidadãos.
Há pessoas que não têm rigorosamente nada a perder porque já perderam tudo, inclusive a esperança. E o medo! Difícil conter os ânimos de quem sente que nada tem. A população saiu à rua. O caos instalou-se. Bens públicos e privados foram vandalizados. Gente que saiu de casa para ganhar o dia acabou por ser vítima das circunstâncias.
Vimos ontem grupos de pessoas literalmente enfurecidas a arrombar contentores para levar frescos, gente bem vestida a carregar kibutos de comida, refrigerantes e bebidas alcoólicas. A foto da moça com duas garrafas de espumante numa mão e na outra uma de vinho, viralizou. Assim, como as imagens aterradoras.
No meio do “furacão”, da insatisfação e do desespero, a ocasião fez o ladrão. Literalmente!
Prefiro pensar que alguém deixou de fazer o trabalho de casa a concluir que o eventual descaso teria sido intencional com vista a instalar o cenário dantesco que justificaria outras accões. Essa hipótese é estarrecedora!
De vez em quando, quando mais não seja para antever fenómenos sociais, vale a pena tirar os óculos escuros e encarar a realidade. Nenhum chefe precisa de andar de candongueiro ou pausar nas sobrelotadas paragens de autocarros para ter a percepção do quotidiano de milhões de angolanos.
Bastava providenciar “enviados especiais” capazes de produzir relatórios autênticos. As redes sociais estão inundadas de estórias de gente que se reinventa diariamente para sobreviver a “uma espécie de vida”, depois do impacto negativo do aumento do preço do gasóleo e do previsível efeito boomerang.
É preciso mostrar a país real a quem circula nos corredores do poder para se juntar sinergias em busca de soluções exequíveis. É certo que nada justifica os excessos. A vandalização de bens públicos e privados é reprovável. Os prevaricadores devem ser responsabilizados, embora sinta dificuldade em imaginar cadeias para tantos presumíveis infractores.
A fome não pode ser a única a ditar regras! Mas temos que ter coragem para encarar as causas e não apenas as consequências do problema. O desemprego, a qualidade da nossa educação, os valores cívico-morais que se transmitem aos mais novos são assuntos em pauta. Que lugar ocupa a ética na sociedade que projecta jovens que devem edificar o futuro do país?
Por último, não sei o que pensam os estrategistas da comunicação social. Sei, contudo, que apurar, cruzar as informações, checar a motivação das fontes e respeitar o princípio do contraditório ainda é a melhor maneira de fazer notícias. Mais do que textos bonitos e inflamados exercícios de retórica, jornalismo inclui uma incontornável praxe ético -deontológica que deve respeitar a inserção de todas as parcelas da verdade inerente aos factos.
Se a credibilidade significa nada para alguns, a cidadania e demais pilares republicanos deviam servir de incentivo para a almejada postura equilibrada da comunicação social. O primeiro compromisso dos jornalistas é com o público. É a este que os profissionais devem lealdade! Jornalismo é serviço público. UM BEM PÚBLICO! Tapar o sol com a peneira pode gerar situações catastróficas. Sobre gestão de crises: apenas duas palavras: comunicação e diálogo!
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