Caros compatriotas, hoje não vos falo apenas como Presidente da República. Falo como vosso servidor. Como alguém que jurou respeitar e proteger o povo que me confiou esta missão.
Tenho acompanhado com muita atenção e preocupação as manifestações que estão a ocorrer na capital do país. Vejo o povo nas ruas. Ouço o vosso grito. Sinto a vossa raiva. E não fujo dela. Assumo a responsabilidade.
O vosso clamor é justo.
Angola está a atravessar um momento muito difícil. O preço dos combustíveis aumentou, o transporte encareceu, a comida falta nas mesas de muitas famílias, os salários não chegam para viver com dignidade. E tudo isso num país rico, com um povo trabalhador e orgulhoso.
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Não há desculpas. O povo está cansado de promessas, e com razão.
Hoje, venho aqui não para dar justificações, mas para anunciar decisões concretas. Decisões que tomamos agora, de forma urgente, porque o país não pode continuar assim.
1- O aumento no preço dos combustíveis está suspenso a partir de hoje.
Vamos reavaliar essa política com justiça social. Nenhuma decisão econômica pode ser feita sem pensar no povo mais pobre.
2- Estamos a criar um Plano Nacional de Emergência Contra a Fome e o Desemprego.
Já nas próximas semanas, vamos lançar programas de distribuição de alimentos, empregos públicos de curto prazo e apoio direto aos bairros mais afetados.
3- Será criado um canal de diálogo direto com o povo.
As vozes da juventude, dos estudantes, das mães, dos taxistas, todos serão ouvidos. Representantes da sociedade civil vão ser convocados para um Conselho Popular de Crise, para trabalhar conosco nas soluções.
4- Vamos cortar nos nossos próprios privilégios.
Ministros, deputados, gestores públicos todos verão os seus salários e regalias reduzidos. Não é justo pedir sacrifício ao povo, enquanto o Estado vive no conforto.
5- Vamos endurecer o combate à corrupção, doa a quem doer.
Nenhum ladrão do dinheiro público será protegido. Mesmo que use gravata, tenha título ou cargo. Angola precisa de justiça para poder respirar.
Caro povo angolano,
A raiva do povo não é o problema. O problema somos nós, governantes, quando não ouvimos o povo.
Peço-vos agora: ajudem a reconstruir a paz. Manifestem-se sim, com coragem mas sem violência. Quebrar lojas, atacar a polícia ou destruir bens só atrasa a luta.
Este país é nosso. E eu continuo a acreditar na juventude angolana, no seu potencial, na sua força.
A partir de hoje, o governo muda de atitude. Não com discursos bonitos, mas com trabalho e justiça.
Contem comigo. Eu conto com vocês.
Viva Angola! Viva o povo soberano!
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