Lourenço Pedro Makanga foi uma das figuras mais leais, discretas e combativas da UNITA. A sua trajetória atravessa os momentos mais intensos da luta armada e política pela libertação de Angola, refletindo um compromisso inabalável com os ideais de justiça, soberania e autodeterminação nacional.
Nascido com um profundo senso de missão, Makanga iniciou a sua formação militar em 1967, na Escola de Aplicação Militar em Nova Lisboa (atual Huambo), onde rapidamente se destacou pela disciplina e competência. Incorporado nas fileiras do exército colonial português, atingiu a patente de furriel — mas o seu coração nunca pertenceu ao império. Era por Angola que pulsava.
Dois anos depois, em 1969, tomou uma decisão que selaria o seu destino: desertou do exército português, acompanhado de Avelino Soares (futuro comandante da Marinha de Guerra sob Agostinho Neto). A fuga foi épica e quase fatal — dos quatro desertores, apenas Makanga e Soares sobreviveram à dura travessia da floresta do Mayombe, até se unirem à 1ª Região de Guerrilha do MPLA, no Norte de Angola, onde combateram as tropas coloniais.
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No entanto, a euforia inicial deu lugar à desilusão. Perseguido internamente e alvo de uma tentativa de assassinato, Makanga rompeu com o MPLA apenas seis meses depois. Refugiou-se no Congo-Brazzaville e, mais tarde, em Bangui, capital da República Centro-Africana. Uma bolsa de estudos conduziu-o à Europa, fixando-se na Suíça — etapa decisiva na sua transformação ideológica.
Foi ali, em 1970, que conheceu Jonas Savimbi, através do nacionalista José Ndele. Em 1971, formalizou a sua adesão à UNITA, tornando-se responsável pela SUNITA (representação do movimento na Suíça) e, mais tarde, tesoureiro-geral, cargo de alta confiança. Ao mesmo tempo, concluía os estudos de medicina e, já como médico, seguiu para a Nigéria, onde se especializou na Universidade de Lagos — sobrevivendo a mais um atentado contra a sua vida.
Em 1976, regressou definitivamente a Angola, alinhado com a filosofia de Savimbi de "lutar a partir do interior, junto do povo". No Huambo, liderou os Serviços Educacionais da base de Muye-Muesse, centro ideológico da UNITA, onde formou jovens quadros políticos e militares.
Entre 1977 e 1979, assumiu a chefia da Região Militar 41 como Comandante e Comissário Político, operando em zonas estratégicas como Bié, Malanje, Uíge e as Lundas, ao lado do Tenente-Coronel Sachipengo Nunda. Em 1978, ficou gravemente ferido numa emboscada na ponte do rio Kuiva, mas sobreviveu — mais uma vez.
Nos anos 1980, Makanga liderou a Base do Kakuxi e a Divisão do Material de Guerra da DIG-LOG (Direção-Geral de Logística), além de lecionar no Instituto Polivalente do Katapi, onde moldou uma nova geração de combatentes e técnicos.
Em 1985, assumiu a Administração Geral do Likukwa. Três anos depois, foi nomeado Diretor da Função Pública e Trabalho — um cargo com equivalência ministerial no governo paralelo da UNITA.
O reconhecimento máximo veio em 1988, quando Jonas Savimbi o indicou para Presidente da Câmara Municipal da Jamba, a mítica “capital” da UNITA. Em 1991, atingiu o auge da sua carreira política ao ser nomeado Secretário-Geral Adjunto do movimento, tornando-se a quarta figura na hierarquia do partido. Com os Acordos de Bicesse, foi designado delegado político de Malanje — uma província taticamente vital e de difícil governação.
A 27 de setembro de 1991, Makanga recebeu uma convocatória do Alto Comando, supostamente para uma reunião urgente com Savimbi, em Luanda. Na noite de 28, quando atravessava o Lombe, em Malanje, a sua coluna foi emboscada. Uma barricada bloqueava a estrada. Homens armados exigiram que se identificasse. Ao confirmar-se a sua presença, abriram fogo com rajadas de balas incendiárias. Lourenço Makanga tombou ali mesmo — vítima de um atentado brutal que nunca foi cabalmente esclarecido.
A sua morte marcou profundamente a UNITA. Foi o primeiro alto dirigente do movimento a ser assassinado em tempo de paz, apenas meses após os acordos de cessar-fogo. O crime foi interpretado como um sinal claro das tensões internas e um presságio sombrio para o processo de reconciliação nacional.
Hoje, Lourenço P. Makanga permanece como símbolo de resistência silenciosa e integridade inquebrantável. Um homem que, até ao fim, acreditou numa Angola livre, soberana e mais justa para todos.
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