Honra e glória aos que impediram a balcanização de Angola - Raimundo Salvador

 


Na fotografia abaixo, divulgada pelo jornalista Jaime Azulay, vemos o então chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general João de Matos, a inspeccionar o Aeroporto Albano Machado, já sob controlo das Forças Armadas Angolanas (FAA). A seu lado, o comando da V Agrupação Militar.


A V Agrupação das FAA desempenhou um papel central na contenção da tentativa de divisão do território nacional nos conturbados anos 90.

A imagem, captada em 1994, remete-nos a um dos momentos mais críticos da história contemporânea de Angola. Quando o país esteve à beira da desintegração, pressionado por interesses internos e externos que fomentavam o espectro de uma Angola fragmentada, frágil e vulnerável, à imagem do que se viveu na Somália ou nos Balcãs.

Mas houve resistência. Houve firmeza. Houve patriotismo. Houve homens e mulheres que, com sangue, lágrimas e sacrifício, impediram que tal destino se concretizasse.



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Três décadas volvidas, muitos desses feitos permanecem invisibilizados, ignorados por um sistema de comunicação que raramente valoriza os momentos fundacionais da nossa soberania. Pior ainda: tais feitos são, por vezes, alvo de distorções produzidas por um revisionismo histórico que tenta transformar heróis em algozes e confundir a juventude angolana quanto ao verdadeiro significado da palavra soberania.

No ano em que celebramos o cinquentenário da Independência, impõe-se resgatar a memória e restituir honra e visibilidade aos combatentes das FAA — sucedâneas das FAPLA — e a todos quantos se ergueram contra a fragmentação do país.

A história recente de Angola é complexa e plural. Não pode — nem deve — ser reduzida a episódios, reconheçamos, deploráveis, associados à corrupção e incompetência.

A história recente de Angola é também feita de actos de coragem, resistência e luta tenaz pela integridade territorial.

Essa é a preocupação central deste texto, que procura igualmente interagir com observações que, por vezes, enxergam nos meus posicionamentos um viés excludente.

Todavia, quem me conhece sabe que sou uma pessoa aberta ao debate sereno de ideias. Não tenho posições petrificadas ou fossilizadas, como costuma dizer o amigo Jomo Fortunato. As minhas análises resultam de leituras plurais, assentes em factos verificáveis e, naturalmente, abertas à escuta de visões críticas.

É claro que — talvez por força da idade — já não tenho grande paciência para debates baseados em achismos ligeiros. E é com esse espírito que reafirmo: a memória colectiva é um património estratégico. Quando esta memória colectiva é esquecida ou manipulada, abre espaço para a submissão, para a desinformação e para a erosão dos fundamentos da cidadania.

O projecto de desmembramento de Angola existiu. Foi anunciado pelos seus mentores e chegou a contar com operadores concretos. Não triunfou porque houve quem se levantasse com coragem e grandeza patriótica para travá-lo.

É urgente que essa parte da história seja contada, ensinada e celebrada. Porque é também ela que sustenta a ideia de uma Angola una, soberana e pacificada. No ano dos 50 anos da nossa Independência, reconhecer o esforço de quem impediu a balcanização do país é honrar um dos feitos mais sublimes da Angola pós-colonial — a mesma Angola cuja libertação ajudou a pôr fim à supremacia bélica do regime do apartheid na África Austral. Um povo que esquece quem o defendeu está condenado a cair de novo. E, como disse Agostinho Neto, “a luta continua”. E, na contemporaneidade, a luta pela memória é contínua. Por isso, honra e glória aos homens e mulheres que defenderam a integridade de Angola.


Jornal de Angola


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