Minutos depois da vitória que consagrou Angola campeã africana e pôs fim a um jejum de 12 anos sem títulos no Afrobasket, as redes sociais encheram-se de mensagens de celebração da conquista. Entre os que não ficaram indiferentes ao feito esteve a deputada Mihaela Weba, que elogiou a prestação da selecção nacional, mas aproveitou a ocasião para expor, alegadamente, dados sobre a mortalidade infantil.
“Vencemos o jogo. Os jogadores estão de parabéns. Mudando de assunto: 46 crianças por dia morrem de fome, de acordo com a UNICEF [Fundo das Nações Unidas para a Infância]”, escreveu a parlamentar do maior partido da oposição.
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A publicação, que ultrapassou as cinco mil interacções, dividiu opiniões. Muitos internautas consideraram inoportuno misturar a celebração desportiva com a denúncia social.
“Com todo o respeito, minha kota, não é o momento para isso. O país está em festa, deixe-nos festejar. No momento apropriado falaremos dos nossos problemas”, comentou um utilizador. Outro acrescentou: “Desculpe, senhora deputada, mas não é altura para aproveitamentos políticos. Angola em primeiro lugar.”
Mas afinal, será verdade que morrem 46 crianças por dia de fome em Angola?
Os números citados por Mihaela Weba têm fundamento, mas não são actuais. Como noticiou o Novo Jornal, os dados provêm da Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão do Ministério da Saúde, e dizem respeito ao primeiro semestre de 2020 — não são da UNICEF, como a deputada indicou.
De acordo com a DNSP, nesse período mais de 70 mil crianças foram internadas nos hospitais públicos por desnutrição, das quais 8.413 faleceram. Isto significa que, em média, duas crianças com menos de cinco anos morreram por hora devido a desnutrição, o que equivale a cerca de 46 por dia.
Já em relação ao contexto mais recente, o relatório da Human Rights Watch (HRW), publicado em Janeiro de 2025, refere que até Maio de 2024 cerca de 1,5 milhões de pessoas — incluindo milhares de crianças de famílias de baixos rendimentos — enfrentavam insegurança alimentar aguda no sul de Angola. O mesmo documento registou, pelo menos, 22 mortes de crianças por malnutrição aguda nesse período. Ou seja, os números exibidos pela deputada da UNITA seriam verdadeiros se a parlamentar se referisse ao ano de 2020, mas actualmente estão longe da realidade. Por esse motivo, o Polígrafo avalia a afirmação de Mihaela Weba como “falsa”.
Polígrafo África
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