Nesta semana, Nuno Dala e Sérgio Manuel Dundão nos brindaram com reflexões contundentes sobre a política angolana. Ambos apontam para um fenômeno curioso e preocupante: a oposição dentro da própria oposição. Desde 2012, a UNITA vem sendo o partido que mais cresce, tornando-se um incómodo para o MPLA, que recorre a todos os aparelhos de Estado — dos tribunais à comunicação social — para conter esse avanço. Ainda assim, mesmo sob campanhas de desinformação e práticas de lawfare, a UNITA surpreendeu ao articular a Frente Patriótica Unida em 2021, dando um novo fôlego à política de contestação.
Mas, como lembram os autores, a política em Angola é um terreno minado. O regime, consciente da força que a oposição unida representa, aposta na fragmentação. Partidos recém-legalizados, como o PRAJA, Partido Liberal, Cidadania e outros em formação, têm feito uma opção estratégica peculiar: ao invés de mirar o MPLA, preferem atacar a UNITA. Nuno Dala chama a isso de “erro crasso”, evocando a história do general romano Marco Licínio Crasso, derrotado pela própria imprudência. A comparação é certeira: partidos que deveriam disputar o poder com o incumbente acabam por atirar contra quem mais incomoda o regime.
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Essa inversão de papéis cria um paradoxo. O MPLA, em declínio eleitoral, beneficia-se da dispersão dos votos e da incapacidade da oposição de se unir em torno de um projecto de alternância. A lógica de “quem é a verdadeira oposição” não apenas enfraquece o campo oposicionista, como reforça a convicção popular de que muitos desses novos partidos são satélites do poder. Mais grave: deixam de intervir nas crises nacionais, de propor reformas eleitorais e de pressionar por autarquias.
Sérgio Dundão e Nuno Dala nos lembram que não se trata de um mero detalhe da cena partidária, mas de uma escolha que pode adiar novamente o futuro. O destino de Angola passa pela alternância democrática, e nem todos que se dizem oposição trabalham por ela. É essa vigilância crítica que deve mobilizar a sociedade: distinguir quem luta por mudança de quem apenas encena a oposição.
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