Zungueiras Dignas- Sousa Jamba



Às vezes perdemos a fé em Angola, mas de súbito aparece uma clipe qualquer e a esperança recompõe-se; percebemos então que nem tudo se perdeu. Vi um vídeo curto de uma jovem que dava conselhos a uma noiva; ao fundo, outras mulheres, quase invisíveis, escutavam em silêncio. Fiquei a querer ouvir mais, porque aquelas frases tinham o peso da vida vivida, não de vitrina. Era uma mulher dura, firme, a falar com outras mulheres, sem disfarces, sem floreios.


Hoje confunde-se força com aparência. Há quem pense que ter relógios de luxo, sapatos de marca, vestidos de estilista e bilhetes para o Dubai é sinal de poder. Não é. As mulheres verdadeiramente fortes são, muitas vezes, as que nada têm: as que lutam, as que criam filhos com pouco, as que vendem o que for preciso para sustentar uma casa. Essa mulher dizia que entrar no matrimónio não é fácil; dentro de um lar, as coisas só se constroem com disciplina. Quando estás sozinha e sobra dinheiro, podes gastá-lo em roupas ou em pequenos caprichos, mas ao casar esse dinheiro deve servir para sustentar a casa, ajudar o marido, garantir o pão. Que lucidez. Que frescura.


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Depois acrescentou que uma mulher não deve ter vergonha de trabalhar, de negociar, de vender. Uma mulher vende carvão, vende mandioca, vende o que houver para acrescentar ao rendimento do lar. Que contraste com aquelas outras que ensinam as raparigas a “fazer-se pagar” em cada encontro, a medir o valor pelo bolso do homem, a educar os filhos para caçar o mais rico, reduzindo-se, afinal, a mercadoria.

E ainda disse mais: é importante defender o marido. Porque, se tu, mulher, não defenderes o teu marido, quem o fará? És a última fronteira entre ele e o desrespeito do mundo. Quando a esposa protege a dignidade do marido, até a própria família o passa a respeitar, pois vê nela um exemplo. Agora, claro, essa defesa tem de ser merecida. Um homem digno sabe respeitar a sua mulher em público, sabe retribuir com cuidado e consideração o apoio que recebe. O respeito, neste caso, é mútuo e nasce da decência, não da submissão.


A mulher do vídeo foi mais longe. Disse que toda esposa deve cuidar da imagem do marido. Que ele tenha bons fatos, que não vá a encontros de família de calças de ganga, que use roupa interior limpa e de qualidade. Que a mulher cuide desses detalhes, porque o modo como o marido se apresenta é também reflexo de como é tratado em casa. E nisso há sabedoria: o respeito começa no cuidado.


Tudo isso é positivo. Queremos que as nossas filhas brilhem, que subam o mais alto possível segundo o talento e o mérito que possuem. Queremos que as nossas esposas se realizem nas suas carreiras e nos seus negócios, que se sintam intelectualmente plenas e moralmente íntegras. Mas queremos também que nunca percam o dom de cuidar, esse dom antigo e maternal que dá medida e doçura à força.


Há, no entanto, quem tente subverter isso: vozes que dizem às raparigas que o casamento é coisa menor, que cuidar do marido é sinal de fraqueza. São essas ideias que, mais tarde, deixam tantas mulheres tristes, amargas, deformadas pela solidão e pela raiva. O brilho fácil apaga-se; o que fica é a ternura cultivada, a coragem calma, a dignidade silenciosa.


Conheço homens que se tornaram melhores porque têm mulheres assim. Homens que, ao sair à rua, caminham de cabeça erguida, blindados pela serenidade de saber que em casa há amor, respeito, inteligência e desejo partilhado. São homens satisfeitos, física e intelectualmente, porque encontraram uma mulher que os completa e os desafia, que os alimenta e os eleva. E todo homem sensato sabe que, se não valorizar uma mulher assim, se não retribuir com a mesma lealdade e cuidado, acabará por a perder. Nenhum homem em seu juízo quer perder uma mulher dessas, porque ela é, em si, a própria medida da fortuna.


Gostaria que esta mulher tivesse uma plataforma maior, para que mais gente pudesse ouvi-la. Ela é inteligente, sensível e, acima de tudo, prática. Criaria cidadãos mais úteis e conscientes do que muitos dos faladores vazios a quem damos palco.


 Durante a guerra colonial em Angola, muitos soldados portugueses foram destacados para cidades e vilas do interior. Perto dos quartéis, havia prostíbulos e mulheres recrutadas para satisfazer os militares. Algumas dessas mulheres mais velhas ensinavam as mais novas a trabalhar nesse ofício, a “prestar serviço” aos soldados. É doloroso ver que, décadas depois, ainda existam mulheres com voz e visibilidade que parecem continuar essa tradição, agora disfarçada de modernidade, transformando as redes sociais em novos salões de aliciamento. Em vez de elevarem, degradam. Em vez de inspirarem, arrastam. E é por isso que mulheres como a do vídeo são tão necessárias, porque recordam o que a palavra dignidade ainda pode significar quando dita com verdade.


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