Família desmente que “Nandó” tenha tido AVC



Familiares do antigo Vice-Presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, “Nandó”, desmentiram informações postas a circular em Luanda segundo as quais o ex-dirigente teria sofrido dois acidentes vasculares cerebrais (AVC) ao longo da sua vida. A informação foi partilhada com o Club-K por um membro da família, que esclareceu que, no passado, “Nandó” enfrentou apenas problemas de pressão arterial, situação que, segundo a mesma fonte, se encontrava controlada.


A primeira vez que circularam informações dando conta de que “Nandó” teria sofrido um AVC remonta ao ano de 2010. Na altura, o então dirigente, que se submetia anualmente a exames clínicos regulares no Cromwell Hospital, em Londres, manifestou profunda intranquilidade com os rumores e ordenou o apuramento das motivações por detrás do boato.


“Nandó”, que anteriormente havia exercido funções como chefe dos serviços de inteligência, partia do entendimento de que o então chefe do SINSE e seu homem de confiança, Sebastião José Martins, não estaria envolvido em qualquer manobra contra a sua pessoa. Posteriormente, veio a concluir que a campanha sobre o seu estado de saúde teria tido origem no Gabinete de Acção Psicológica da Casa Militar, então chefiada pelo general João António Santana, conhecido por “Lungo”, em articulação com o então porta-voz da Presidência da República, Aldemiro Vaz da Conceição.


O entendimento que “Nandó” partilhou com figuras da sua mais alta confiança era de que o boato tinha motivações essencialmente políticas. À época, uma ala da direcção da Casa Militar da Presidência da República pretendia travar as intenções de José Eduardo dos Santos de promover “Nandó” como potencial sucessor presidencial, invocando como argumento o facto de este não gozar de boa saúde. Para sustentar essa tese, o gabinete de acção psicológica (GAP) fez circular a falsa informação de que o dirigente teria sofrido o seu primeiro AVC. O objectivo seria afastá-lo da linha de sucessão e apostar no então presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Manuel Domingos Vicente como futuro delfim presidencial de José Eduardo dos Santos.


Na segunda semana de Março de 2011, Fernando da Piedade Dias dos Santos voltou a manifestar profundo desconforto perante as especulações, então difundidas pelo regime, segundo as quais teria “tombado” em Inglaterra. Com o objectivo de dissipar tais rumores, telefonou, na tarde de 11 de Março, a partir de Londres, a várias figuras do MPLA a si próximas, assegurando que se encontrava bem.

Com a saída de cena do círculo de Eduardo dos Santos, que apostava em Manuel Vicente para a sucessão presidencial, os familiares de “Nandó” notaram que o regime voltou a ressuscitar a versão antiga sobre o seu estado de saúde, desta vez alegando que teria sofrido dois AVC. Para a família, o reavivar desta narrativa visava impedir que reunisse apoios para uma eventual candidatura à liderança do MPLA. Dias antes de falecer, ficou irritado ao ouvir João Lourenço afirmar que não passaria o poder a alguém “mais cansado” do que ele, o que reforçou a suspeita de que a tese da sua alegada doença estaria a ser alimentada a partir do interior do regime.


“Nandó” não esteve presente no comício do MPLA no Kilamba devido a uma gripe. Contudo, no dia 16 de dezembro, reuniu-se com o staff da sua pré-candidatura para analisar as indirectas proferidas por Lourenço no evento dos 50 anos do partido. Foi encorajado pela maioria dos presentes a assumir publicamente a sua candidatura – à semelhança do general Higino Carneiro – acreditando que isso faria cessar os ataques à sua pessoa. Entre os presentes, o antigo secretário-geral do MPLA, Paulo Mateus “Dino Matross”, foi o único a desencorajar o anúncio imediato, sugerindo que deveria primeiro informar o Bureau Político sobre a sua pretensão e só depois comunicar à nação.


Segundo apurações junto da família Dias dos Santos, há fortes convicções de que “Nandó” estava em boas condições de saúde para alguém que viesse a falecer subitamente. Contudo, surgiram suspeitas devido a alegadas ocorrências consideradas estranhas. Entre elas: as autoridades realizaram um exame de DNA, mas os resultados de um segundo exame terão desaparecido ou sido misteriosamente trocados; e a família não teve acesso às fotografias do cadáver, que, segundo relatos, apresentaria escurecimento acentuado. Há também a versão de que a língua estaria roxa – uma característica que, segundo alguns, apenas ocorre quando o organismo é afectado por “substância indevida”.

Club-K

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