Quando o Chico não é Francisco- Graça Campos



Aqui mesmo no Facebook, já tive troca de mimos nada “republicana” com o deputado João Pinto.

Ao deputado do MPLA sempre critiquei, bastante, a postura e o discurso camaleónicos. Num passado recente, ouvimo-lo, repetidíssimas vezes, a dedicar a José Eduardo dos Santos as mesmas hosanas que hoje canta para o Presidente João Lourenço.




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Sendo João Lourenço e José Eduardo dos Santos indivíduos tão distintos, quer do ponto de vista da fisionomia e quer, sobretudo, dos seus propósitos para como país, sempre achei de todo estranho que João Pinto encontrasse nos dois as mesmas virtudes e as mesmas qualidades. Coincidentemente, nem num e nem noutro, enxergou qualquer defeito. 

Mas é a esse mesmo João Pinto que estendo o meu sincero abraço e felicito pelo elevado gesto que foi penitenciar-se pela inverdade que também ajudou a disseminar ontem nas redes sociais.

No furioso contra-ataque com que as hostes do MPLA reagiram ontem a pretensas agressões físicas a jornalistas da TPA, o deputado também fez a sua parte, juntando a um post imagem de um jornalista guineense como “prova” de que um jornalista da TV Zimbo teria sido  “barbaramente” vergastado  por simpatizantes ou militantes da UNITA.

Domingo, 12, e num gesto que muito o engrandece, João Pinto estendeu, humildemente, a mão à palmatória.

“Pedimos desculpas por lapso ou erro em associar as imagens da Guiné Bissau com o acto de sábado. O debate nas redes sociais deve sempre servir para partilhar ideias ou valores mas nunca para disseminar factos sem verdade, por pugnarmos por uma sociedade democrática que respeita o Estado de Direito, cabe-nos reconhecer que a imagem não tem nada a ver com o acto de sábado”, escreveu o deputado num texto que está a ser amplamente partilhado nas redes sociais.

É uma atitude como a de João Pinto que espero, também, de Celso Malavoloneque depois da sua vil e despropositada agressão ao Sindicato dos Jornalistas Angolanos.

Às 15h de sábado, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, repudiou nos termos mais enérgicos, as agressões verbais de que foram alvos jornalistas da Zimbo e da TPA destacados para a cobertura da manifestação realizada naquela manhã.

A declaração de Teixeira Cândido foi feita à Rádio Mais.

Pouco depois, Teixeira Cândido gravou um vídeo que dirigiu à Zimbo e à TPA e reiterou a condenação às agressões verbais e exprimiu total solidariedade aos colegas das duas estações televisivas impedidos de exercer o trabalho a que se propunham.

Na mesma tarde, exactamente às 18h13 minutos, o jornalista Teixeira Cândido postou no Facebook o seguinte texto: “Não se constrói democracia, combatendo os jornalistas. Impedir os jornalistas de exercerem a sua actividade é obstrução não apenas à liberdade de imprensa, mas à própria democracia. Repudiamos estas atitudes. Aos colegas da Zimbo e da TPA, a nossa solidariedade incondicional.

Liberdade, Liberdade e Liberdade sempre”.

Todos os jornalistas comprometidos com os valores da liberdade de imprensa reviram-se nos diferentes posicionamentos de Teixeira Cândido.

Entre os verdadeiros jornalistas angolanos não prospera a mágica - de, resto, ensaiada sem sucesso noutras paragens - de colocar fronteira intransponível num mesmo indivíduo. 

Em circunstanciais emergenciais como a de sábado, Teixeira Cândido não precisava de reunir os órgãos colegiais do SJA para tomar posição face a atitudes que perturbaram o trabalho de confrades da Zimbo e TPA.

Entre 40 e 50 minutos após a publicação do post de Teixeira Cândido, Celso Malavoloneque usou a mesma rede social - Facebook – para um exercício de todo incompreensível. 

Sob o título “A violência contra jornalistas - é claro que o SJA nada vai dizer…”, o texto é longo, mas em momento algum o seu autor explica de onde lhe veio a certeza de que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos não se pronunciaria sobre os eventos negativos havidos não manifestação promovida pela UNITA.

Alertado não se sabe por quem, algum tempo depois Celso Malavoloneque reeditou o post e retirou a alusão ao SJA.

Mas não só não fundamentou o seu “parti pris”, como não se penitenciou junto de Teixeira Cândido, com quem partilhou sala de aulas, de quem é colega no painel do programa Conversas EntreCruzadas, da radio MFM, enfim, com quem cruza constantemente. 

Em bom português, a frase “(…) é claro que o SJA nada vai dizer” pressupõe uma sucessão de omissões do Sindicato perante reiteradas práticas violadoras da liberdade de imprensa. Isso é uma arrematada mentira. O SJA nunca se calou perante práticas análogas. 

Recentemente, Celso Malavoloneque voluntariou-se para servir o seu partido a alcançar a vitória eleitoral. “Neste momento o meu partido precisa dos meus préstimos. Vou ajudá-lo a ganhar as próximas eleições”, prometeu.

Comunicólogo de profissão, Celso Malavoloneque diz que ao atacar jornalistas a UNITA “comprou briga completamente evitável”.  

E a agressão ao Sindicato dos Jornalistas Angolanos não é uma agressão a todos os profissionais que ele representa?

Ou seja, para o MPLA Chico não é diminutivo de Francisco? O que é aplicável à UNITA não o é para o MPLA?

Passadas várias horas depois do seu humilde “QRF”, não consta que João Pinto tenha perdido a sua condição de deputado e nem os seus títulos académicos. 

É o que acontecerá com Celso Malavoloneque se imitar o gesto, cheio de elevação, do seu colega de partido.

Toda e qualquer actividade humana tem sempre o erro muito por perto.



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