QUEM PODE E QUEM NÃO PODE?



O assunto em voga por estar paradas (redes sociais) é a  "briga" sobre quem tem o direito e  quem não tem de  fazer um filme sobre a Rainha do Reino da Matamba, Njinga Mbande, aka Nzinga, aka Ginga, aka Dona Ana Joaquina.

 

Para quem não sabe quem foi a Rainha Njinga, passo a citar um excerto do artigo da revista brasileira Super Interessante para apresentá-la:


"O maior símbolo da resistência africana à colonização foi uma mulher. Rainha do Ndongo, atual Angola, Nzinga Mbandi (1582-1663) entrou para a história como combatente destemida, exímia estrategista militar e diplomata astuciosa. Ela chefiou pessoalmente o exército até os 73 anos de idade e era tão respeitada pelos portugueses que Angola só foi dominada depois da sua morte, aos 81 anos."



Fisioterapia ao domicílio é na MZ Fisio. Contactos para marcação: 924170321, 998024880

Pois então, o caldo sobre o assunto  entornou recentemente porque a atriz afroamericana Jada Pinkett Smith com o apoio do marido Will Smith, anunciou que em parceria com a Netflix produzirá um documentário sobre várias rainhas africanas inclusive  sobre a Rainha Njinga Mbande.


O anúncio por sua vez causou um rebuliço no mundo das artes em Angola, porque a Semba Comunicações, que lançou um filme sobre a Rainha Njinga em 2013, dirigido pelo diretor português Sérgio Graciano e escrito pela roteirista portuguesa Joana Jorge (nas fotos), foi barrado pela Netflix, alegando não ter interesse no material.


Assim que a Jada anunciou  a produção do Documentário pela Netflix, surgiu um abaixo assinado   contra apropriação cultural, dizendo que a nossa história deve ser contado por nós e prontos: fogo no parquinho.


Contudo, algo não bate nesta equação. Se  reclamam é de apropriação cultural e de que temos que ser nós a contarmos a nossa história, CONCORDO!!! Porque a produção da Semba Comunicações (que pertencia ao filho do antigo presidente), teve como diretor e roteirista as pessoas acima citadas? 


O âmago da crítica em sermos nós a falar por nós não é de todo ruim, se não fosse o gato escondido com o rabinho de fora, vide rotirista e diretor português. 

(As contas não batem)


Contudo, quando falamos sobre a Rainha Nzinga, devemos nos lembrar que os feitos dela impactam a história da diáspora africana (negros espalhados pelo mundo) que vêm na rainha da Matamba como um símbolo de resistência, ao poderio militar do colono.


Existem acadêmicos tanto no Brasil, como nos EUA (estudos africanos) que se debruçam, pesquisam e  escrevem sobre a Rainha Njinga. Mas pelos vistos isto não causa tanta indignação de apropriação, contanto que não haja alguns trocados e tanta badalação assim como uma produção Netflixana sob a batuta de  Jada Pinkett e Will Smith, certo?!


Eu apoio a produção da série de documentários pela Jada e pelo Will Smith, lembrando que eles são afroamericanos e segundo a história relata, os 20 primeiros negros a chegar aos EUA eram angolanos. 


Agora vos pergunto: o que nos garante que a Jada e o Will Smith não são descendentes de algum destes 20 primeiros negros angolanos a pisar em solo americano? 


Outra coisa, a vida da rainha Njinga, não cabe num único  filme ou documentário. Cada um pode abordar uma faceta da vida dela de modo diferente, ou seja, o documentário da Jada não precisa ter o mesmo roteiro do filme patrocinado pelo filho do kota Zé Dú. 


Quando foi lançado o filme Call of Duty e o Savimbe apareceu como um sanguinário lutando contra o MPLA, muitos riram-se e não deram a mínima ao ponto de gritar: "Não representem o Savimbe como um sanguinário! Ele faz parte da nossa história  Kapiete, kamundanda ni kabolokoso."


Deixaram os filhos dos Savimbe se virar nos 30 sozinhos e ninguém tossiu nem mugiu.

Vai vendo... 


Poderia continuar escrevendo, mas prefiro ficar por aqui dizendo-vos o seguinte: Olhem para a Alemanha. Um país que tem uma história pesadíssima, mas que mesmo assim não monopoliza e nem policía as produções cinematográficas que saem ao redor do mundo sobre a sua história. Sabem qual pais produziu o clássico filme sobre os nazismo: A Lista de Schindler? Não foi a Alemanha...

E vos garanto que existem muitos filmes sobre a história da Alemanha que foram produzidos por outros países.


Viva Njinga Mbande 

E um salve a Jada Pinkett Smith.


Mc Diamondog



Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação 

Postar um comentário

0 Comentários